sexta-feira, 27 de abril de 2012

Transferência de PMs para presídio comum fere a lei e é "pena de morte informal", dizem especialistas

A decisão do novo comandante geral da Polícia Militar do Estado, Roberval Ferreira França, de mandar 56 ex-PMs, expulsos da corporação por prática de crimes para penitenciárias comuns, foi condenada pelo especialista em segurança pública e direitos humanos, Ariel de Castro Alves. Ele considerou a medida “bastante temerária” e avaliou que pode ser encarada como uma espécie de "pena de morte informal".
- Na verdade, policiais podem ser inseridos em situação de risco à sua integridade física e à própria vida, na medida em que encontrarem antigos desafetos, pessoas que eles prenderam. Poderia se tornar uma pena de morte informal.
O especialista avaliou ainda que a decisão pode significar prejuízo para os cofres públicos.
- A Constituição e a Lei de Execuções Penais dizem que cabe ao Estado garantir a vida e a integridade física das pessoas que estão sob sua custódia. Inclusive, há inúmeras decisões que responsabilizam o Estado quando qualquer detido morre nas dependências do presídio. Esta medida, além de poder provocar mortes, pode gerar gastos para os cofres públicos em ações de indenização pelo risco a que esses policiais serão submetidos.
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Paulo, Luiz Flávio Borges D'Urso, também enfatizou a atribuição do Estado de garantir a segurança daqueles que estão sob sua custódia e acrescentou que, à luz da legislação vigente, não há como a medida prosperar.
- O legislador, ao estabelecer que algumas categorias profissionais só podem ser aprisionadas em unidades diferenciadas, assim o faz, não para dar privilégio a essas pessoas, mas para que elas cumpram a pena em condição de igualdade às demais, sem ampliar o risco à sua integridade física, o que seria um extra à punição que já receberam, que se limita à supressão da liberdade.

Já o ex-secretário nacional de segurança pública, José Vicente da Silva, reconhece que a decisão é polêmica, mas entende que foi acertada. Segundo explica, as unidades prisionais militares têm destinação específica para crimes militares.
- No caso dos crimes comuns, o entendimento é que quem os pratica não teria direito a isso (prisão militar). A expectativa apenas é que haja algum tipo de arranjo, que eles (os ex-policiais) possam ir para um local que tenha mais segurança, para que não seja uma transferência irresponsável. Que eles possam chegar de maneira mais discreta, porque existe a possibilidade - por isso estavam, até então, em um presídio militar - de haver retaliação por parte dos outros presos.
Na opinião de ex-secretário, uma solução plausível seria encaminhar os policiais expulsos para unidades que abrigam estupradores.
- Existem muitas cautelas em relação à distribuição de presos no sistema prisional do estado. Por exemplo, estupradores não vão para presídios comuns. Esses presos (ex-policiais) poderiam ser mandados para esses presídios "Populismo".
Na análise de Ariel de Castro Alves, a decisão de colocar ex-PMs na vala comum do sistema penitenciário é "populista". Ele destacou que é uma forma de transferir o problema da SSP(Secretaria de Segurança Pública) para a SAP(Secretaria de Administração Penitenciária).
- Parece uma atitude populista. São policiais criminosos, então, vamos jogá-los na cova dos leões. Também transfere o problema de uma secretaria para outra. Como a Secretaria de Administração Penitenciária vai ter condições de garantir a integridade desses ex-policiais?
Segundo o especialista, não será desta forma que desvios na corporação serão coibidos.
- Não estou defendendo policial criminoso. Nos últimos 10, 15 anos, eu denunciei vários casos de violência policial em São Paulo. Mas não é essa medida que vai coibir os crimes praticados por eles. Isso depende de uma profunda reformulação nas instituições. É preciso melhorar as formas de controle das atividades policiais, reforçando as corregedorias, aprimorando o preparo dos jovens que entram nas carreiras policiais, aumentando a fiscalização e o controle externo, que o próprio Ministério Público precisa realizar.

Vala comum A decisão de mandar os 56 ex-policiais militares para penitenciárias comuns foi anunciada no primeiro pronunciamento do comandante Roberval Ferreira França à imprensa, depois da posse dele, que aconteceu na terça-feira (24), na Academia do Barro Branco, zona norte da capital. Até então, o PMs suspeitos de crimes e aqueles já condenados cumpriam pena só no presídio militar Romão Gomes.
Segundo afirmou o novo comandante geral, o processo de transferência dos militares expulsos vai começar em 30 dias. A intenção de endurecer o tratamento aos policiais militares que cometem crimes já havia anunciado pelo secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, nesta terça-feira (24), após a cerimônia de posse de Roberval. O secretário, no entanto, descartou a possibilidade de acabar com o Romão Gomes, que fica na zona norte de São Paulo
A Polícia Militar tem 197 internos no Romão Gomes e ainda estão sendo definidos os critérios para as transferências dos presos para presídios comuns". Sobre as críticas, preferiu não se pronunciar.

Um comentário:

Anônimo disse...

ESTA ATITUDE É LAMENTAVEL AO MEU PONTO DE VISTA, SOU UMA CIDADÃ COMO QUALQUER UM E ACREDITO QUE ESSA PUNIÇAO É DESREPEITOSA, NAO SE PODE TRATAR UM PM DESTA MANEIRA,QUEM NUNCA ERROU ATIRE A PRIMEIRA PEDRA, SE TODOS FOSSEM PERFEITOS NAO ESTARIAM AQUI NEST MUNDO POIS O UNICO SER PERFETO MORREU PÓR MIM E POR VC, AS LIS TEM DESER RESPEITADA E NAO BANALIZADA, SE UM ´PM ERROU QUEM NUNCA ERROU? SERA QUE UM DIA ELE NAO FOI UTIL PARA ALGUEM? SERA QUE UM DIA ELE NAO SALVOU VC OU ALGUEM DE SUA FAMILIA?? IMAGINE VC SENHOR SECRETARIO SERA QUE VC É TAO HONESTO? sera que um deslize seu poderemos fazer o mesmo? SERA QU SERIA LEGAL T JOGAR NUMA VALA? CLARO QUE NAO VC TEM DINHEIRO E PODERES QUEM SOFRE SAO OS SOLDADOS QUE DAO A VIDA PARA TE DEFENDER UM SOCIEDADE INJUSTA? o senhor e secretario e acha pode tudo . so que acima de vc existe um desu perfeito e peço a ele que mude sua visao ironica, o concerto começa por vc e pelos grandes e nao pelos pequenos. sou contra sua ideia ridicula, mas claro queridos leitores ano de eleiçao eles tem que mostra alguma coisa, mas napo se esqueçam a populaçao esta cansada disso. paty