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sábado, 31 de janeiro de 2009
Homicídio cai 66%, mas SP ainda vive epidemia de mortes
Apesar da redução, OMS ainda enquadra Estado na chamada zona epidêmica de assassinatos
Ao mesmo tempo em que houve queda no número de homicídios, aumentaram os casos de latrocínio, de assaltos e de roubo de carga
Pelo nono ano seguido, o Estado de São Paulo registra queda no número de assassinatos. Foram 4.426 casos no ano passado, 451 a menos que em 2007.
O índice ainda é muito alto se comparado ao de países desenvolvidos, mas, desde 1999 -quando houve um recorde histórico (12.818 casos)-, a queda é de 65,5%.
Apesar da redução, o Estado continua sendo considerado uma "zona epidêmica de homicídios" -para a OMS (Organização Mundial da Saúde), existe uma epidemia quando o índice é superior a 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. Em São Paulo, são 10,76 casos por 100 mil moradores.
São Paulo só não deixou essa zona epidêmica porque houve, nos meses de outubro, novembro e dezembro, um ligeiro aumento, de 0,36%, no número de assassinatos em comparação com o mesmo período de 2007.
Ao mesmo tempo em que houve queda no total de homicídios, São Paulo verificou no ano passado um aumento nos casos de latrocínio, de assaltos e de roubo de carga (veja quadro na pág. C3).
Polêmica
O governo atribui a queda dos homicídios ao investimento nas polícias, ao aumento na apreensão de armas e à construção de presídios e o consequente crescimento da população carcerária do Estado (hoje em 145 mil presos).
Coronel reformado da PM e ex-secretário nacional de Segurança Pública da gestão FHC, José Vicente da Silva Filho diz que São Paulo "rompeu uma espiral". "A polícia foi reabilitada, e o Estado aumentou a sua taxa de encarceramento, que é o dobro da nacional", diz.
O promotor Roberto Wilder Filho, que por seis meses investigou um dos núcleos mais atuantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), afirma que uma das razões para a queda são os chamados "tribunais do crime".
Segundo ele, escutas mostram que homicídios comuns em algumas favelas são brutalmente reprimidos por traficantes, que não querem chamar a atenção da polícia para os seus pontos-de-venda de drogas.
O coronel Daniel Rodrigueiro, subcomandante-geral da Polícia Militar, descarta a influência do PCC na redução. "Uma organização criminosa não tem tal domínio. A polícia entra em todos os lugares. É temeroso fazer tal afirmação", afirma o coronel.
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