sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Polícia liga PCC à morte de ‘Cabo Bruno’ no Vale

Polícia liga PCC à morte de ‘Cabo Bruno’ no Vale

Velório do Cabo Bruno em Pinda: Foto: Rogério Marques
Velório do Cabo Bruno em Pinda: Foto: Rogério Marques
Direção da P-2 de Tremembé orientou que ele se isolasse para evitar represálias; Alckmin cobra rigor na investigação
Michelle MendesPindamonhangaba
Horas depois da divulgação da execução de Florisvaldo de Oliveira, 53 anos, conhecido como Cabo Bruno, houve comemoração nas unidades prisionais paulistas. Conhecido por chefiar o ‘Esquadrão da Morte’ nos anos 80 em São Paulo, o ex-justiceiro e atual pastor era visto como um troféu por facções do crime organizado, entre elas o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Cabo Bruno foi executado às 23h45 de quarta-feira, na porta de casa, no bairro Quadra Coberta.
O VALE apurou que o monitoramento de escutas telefônicas no sistema prisional indicava que uma execução estava para acontecer este mês, porém o nome da vítima não foi comentado.
Cabo Bruno estava com a ‘cabeça selada’ pelos irmãos do crime organizado. Temendo que isso acontecesse, a direção da Penitenciária Augusto César Salgado, a P-2 de Tremembé, de onde o ex-policial militar saiu há 35 dias, chegou a recomendar que ele se isolasse -- Cabo Bruno morava com a esposa Dayse França, 46 anos, e três enteados, em Pindamonhangaba. O pedido foi acatado e Oliveira passou alguns dias, no final de agosto, em São Paulo com a família. Ele voltou à região para se tornar pastor e dar continuidade aos trabalhos na Igreja Pentecostal Refúgio em Cristo de Taubaté, filial do Rio de Janeiro.

Governador. Em entrevista coletiva concedida ontem durante cerimônia de premiação de hospitais na Secretaria Estadual da Saúde, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) determinou rigor nas investigações sobre o caso e relacionou a morte de Cabo Bruno ao crime organizado.
"Investigação, prisão dos criminosos o mais rápido possível e enfrentamento do crime organizado firme. A determinação é enfrentamento firme dentro da lei. É isso que vai ser feito", disse Alckmin.
 
O caso Cabo Bruno

Polícia. Cabo Bruno chegava de um culto em uma igreja de Aparecida, junto com o genro, a enteada e a mulher quando foi surpreendido por dois criminosos que efetuaram ao menos 20 disparos-- cinco deles no rosto e os demais no peito.
“Dois rapazes chegaram a pé, não disseram nada e foram atirando até que ele fosse executado e fugiram”, disse Mario Celso Tonini, tenente da PM.
Oficialmente, a Polícia Civil trabalha com a hipótese de vingança, apesar de não vinculá-la diretamente às facções.
Segundo Vicente Lagioto, delegado do 1º DP de Pinda, os criminosos usaram pistolas calibres 380mm e ponto 45 (de uso restrito).
"A testemunha ouvida (o genro, que dirigia o carro), não conseguiu relatar como os criminosos eram pois chovia, estava escuro e o vidro do carro é fumê. Parece mesmo execução. Sem falar nada, efetuaram diversos disparos.”
A polícia instaurou inquérito e tem dificuldade em obter imagens que auxiliem as investigações. Familiares e vizinhos ainda serão ouvidos. A reconstituição do crime deverá acontecer até 15 dias.
Cabo Bruno na igreja onde foi empossado pastor após ser solto depois de 27 anos preso por chefiar o 'Esquadrão da Morte'
Velório reúne 200 parentes e amigos em Pinda 
Pindamonhangaba
O corpo de Cabo Bruno saiu de Pindamonhangaba ontem por volta de 18h para Catanduva (interior de SP), onde será enterrado, a pedido da mãe dele. O sepultamento será realizado hoje, no cemitério Nossa Senhora de Fátima.
Cerca de 200 parentes, amigos e curiosos estiveram ontem no Velório Municipal de Pinda. A viúva Daisy França, 46 anos, ficou o tempo todo ao lado do caixão. Entre a família, estavam três filhos dela e uma filha do ex-policial militar.
A cerimônia foi marcada por muita emoção. “Ele foi melhor que o meu próprio pai, ele não era o Florisvaldo, era o meu pai. Uma pena termos aproveitado tão pouco”, disse uma das enteadas.
O genro S.T.S., 26 anos, metalúrgico, que dirigia o veículo quando os criminosos chegaram, disse estar sofrendo. “Estamos muito abalados com o que aconteceu, não esperávamos. Chegaram atirando, só nos restou abaixar”, disse.
A família falou discretamente com a imprensa e deu poucos detalhes da execução. Eles têm medo de morrer e devem passar um período na casa de familiares.
A viúva e familiares receberam mais de 300 mensagens de apoio e solidariedade no Facebook. Representantes evangélicos de diferentes igrejas do Vale do Paraíba também prestaram solidariedade.

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