Artur Rodrigues - O Estado de S.Paulo
Evelson de Freitas/AE
Penitenciaria em Itai (SP) abriga 1400 detentos presos por trafico internacional de drogras
"Anteriormente, havia muitos presos de países mais pobres, mas ultimamente há um grande número de pessoas de países desenvolvidos", observa o procurador da República Vicente Mandetta, que atua em Guarulhos. Em dezembro de 2008, antes de estourar a crise na Europa, havia 264 detentos europeus no Estado. Em 29 de fevereiro deste ano, eram 476, segundo a Secretaria de Estado da Administração Penitenciária. O total de detentos estrangeiros aumentou muito menos no período: de 1.617 para 2.259, variação de 39,9%.
O número de "mulas" de passagem por Guarulhos pode ser bem maior, avalia o procurador. "Se continuam vindo, apesar de tantas prisões, é porque ainda é lucrativo e muitos outros devem passar", afirma. No esquema do tráfico, o alto valor da cocaína na Europa compensa eventuais perdas com a prisão de algumas pessoas. O quilo da droga, que sai a 1.500 na Bolívia, chega a 40 mil do outro lado do Atlântico.
Com índice geral de desemprego de 23% e taxa de cerca de 50% entre os jovens, a Espanha é o país europeu que mais tem presos no Estado, um total de 115. "Mudou o perfil dos detentos. Anteriormente, tinham antecedentes criminais. Agora, a maioria nunca havia cometido crimes", revela Rodrigo Santos Daparte, oficial administrativo do Consulado da Espanha.
O grupo de espanhóis, além de numeroso, é invejado na prisão graças à mesada trimestral de R$ 300 dada pelo consulado. A expectativa do órgão diplomático é que a nacionalidade caia no ranking do tráfico, a partir de abril, quando o governo brasileiro passa a adotar regras de reciprocidade, dificultando a entrada de seus cidadãos do País.
O segundo lugar na lista, porém, está bem atrás. São os portugueses, com 74 detentos. Segundo a Polícia Federal, os dois países ibéricos são a principal porta de entrada para a cocaína transportada diretamente do Brasil para a Europa.
Rota. Quase 30% dos voos escolhidos pelas mulas vão para Portugal ou Espanha. A África é o destino dos outros 70% e funciona apenas como um entreposto rumo à Europa. Os africanos e os latino-americanos continuam sendo a maioria dos detentos estrangeiros - 892 e 746 pessoas no Estado, respectivamente.
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