Um espaço voltado para a discussão sobre o sistema penal no Brasil. Um meio de comunicação e expressão para os Agentes Penitenciarios. Uma frente contra a banalização da injustiça no país. Participe, Agente
sábado, 9 de outubro de 2010
Datena: "Foi meu momento mais dramático"
Foragido protagoniza fuga alucinante por ruas de SP
Com Fiesta roubado, entrou na contramão, bateu em carros e ônibus e atropelou PMs
As imagens da fuga foram registradas por helicóptero de TV; foragido levou tiro na mão, sem gravidade
ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO
Um foragido da Justiça protagonizou, por volta das 18h de ontem, uma perseguição alucinante de cerca de 20 minutos em ruas do centro e da região oeste de São Paulo.
Com um Fiesta Sedan preto roubado, ele subiu na calçada, entrou na contramão, bateu em oito veículos (um deles da polícia), dois ônibus e, de ré, ainda atropelou dois PMs em motos.
As imagens da fuga foram registradas pelo helicóptero da TV Bandeirantes.
Wellington Gonçalves dos Santos, fugitivo da penitenciária de Junqueirópolis (624 km de SP), havia parado o Fiesta no cruzamento da avenida Rio Branco com a rua Helvétia, na área conhecida como "Cracolândia". Um homem, não identificado, desceu do veículo.
Dois PMs da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas) viram a cena e desconfiaram dos vidros escuros do carro. Eles pediram que o carro parasse, mas o motorista fugiu.
Os PMs começaram a persegui-lo. Santos seguiu em alta velocidade pelas alamedas Eduardo Prado e Barão de Limeira, ruas da Barra Funda, Brigadeiro Galvão, passou perto do terminal rodoviário da Barra Funda e parou no acesso da avenida Auro Soares de Moura Andrade com a Francisco Matarazzo, perto do Palmeiras.
TRAGÉDIA
"Em 16 anos de PM, nunca passei por isso. Por pouco não aconteceu uma tragédia", disse o sargento da PM Marcelo Aparecido Ferreira, o primeiro a tentar parar o Fiesta dirigido por Santos. Para o sargento, foi tudo um "show de horrores".
O fugitivo não fez um caminho reto. Sempre seguido de perto pelos PMs, Santos rodou em círculos e chegou a entrar e sair de um estacionamento, que tem entrada e saída por ruas diferentes.
Ao tentar passar entre um ônibus e um carro num congestionamento, Santos bateu em alguns carros e, sem conseguir passar, deu marcha a ré e atropelou dois PMs em motos. Os policiais tiveram ferimentos leves nas pernas.
Já cercado por veículos da polícia, Santos ainda tentou escapar por entre os carros, mas não encontrou passagem e acabou preso depois de os PMs darem cinco tiros no Fiesta em que ele estava.
Santos tomou um tiro na mão. Ele não estava armado. Chegou a ser espancado por um motorista, quando estava rendido pelos PMs, no chão.
Segundo a polícia, ele recebeu indulto de Natal no final do ano passado e não retornou. Santos respondia por roubo, furto e receptação.
Motorista se assusta e é confundido com criminoso fugitivo
Farmacêutico ficou sob a mira de uma submetralhadora de um PM após deixar veículo atingido por foragido em fuga
Vários motoristas entraram em pânico e correram; "isso é coisa que a gente só vê em filme", disse um deles
DE SÃO PAULO
DO "AGORA"
O trânsito estava parado por volta das 16h30 nas imediações da avenida Francisco Matarazzo (zona oeste) quando o foragido Wellington Gonçalves dos Santos começou a bater em outros veículos na tentativa de fugir dos PMs que o perseguiam.
Motoristas e passageiros dos veículos atingidos durante a perseguição policial se abaixaram para escapar dos tiros ou saíram correndo de seus veículos.
O farmacêutico Ricardo Duarte, 31 anos, dirigia uma Pajero preta -que quase foi arrastada pelo fugitivo. Quando ouviu os disparos, deixou o carro correndo. "Escapei dessa por milagre. Só pensava em fugir dos tiros", disse Duarte, que estava na Pajero com dois amigos, a caminho do show do Rush no estádio do Morumbi.
Ao deixar o carro correndo, ele chegou a ser perseguido por um dos policiais, que o confundiu com o ladrão.
Ficou sob a mira de um submetratralhadora .40 de até gritar que não tinha nada a ver com o fugitivo.
FRENTE A FRENTE
Às 19h30, quando era amparado por amigos e familiares, ao lado de sua Pajero destruída, Duarte ficou frente a frente com o tenente Thiago José Tomazela, o PM que havia apontado a submetralhadora para ele.
Ainda dizendo que não conseguia se lembrar com detalhes da cena, ele disse ao PM: "Todos me perguntam se pensei que você fosse atirar quando desci do carro e corri. Preciso ver as imagens o quanto antes, dizem que nasci de novo".
A médica Hashilla Lopes, 28, contou que ficou paralisada diante da perseguição. "Ele [suspeito] bateu no meu carro e só deu tempo de abaixar para não ser atingida."
O motorista Amaro José da Silva, 38, dirigia uma picape de uma revendedora de motos Honda. Ele pegou o caminho para fugir do trânsito em direção a Pirituba, onde entregaria uma moto quando o seu carro foi atingido pelo Fiesta preto roubado.
Ele começou a escutar os tiros, sem entender. "Parecia cinema. Nunca vi uma coisa dessas. Isso é coisa que a gente só vê em filme".
Datena: "Foi meu momento mais dramático"
IVAN FINOTTI
DE SÃO PAULO
"Foi o momento mais exaustivo e mais dramático da minha carreira na TV", soltou um José Luiz Datena, ainda um tanto esbaforido, minutos após encerrar o "Brasil Urgente", ontem, na Band.
A perseguição ao motorista furioso, mostrada ao vivo em seu programa no final da tarde de ontem, elevou sua audiência de 5 ou 6 para uma média de 7,2 pontos, com pico de 10,4. Em seu melhor momento, ficou 5 pontos abaixo da líder Globo. Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na grande SP.
"Mas a gente nem pensa em audiência numa hora dessas. É muita adrenalina. Fiquei o tempo todo pensando em várias coisas para não falar besteira", contou o apresentador. "A última vez em que senti coisa parecida foi com a narração do caso do ônibus 174, pela Record."
A narração de Datena, como sempre, foi pró-polícia. "São marginais, atropelaram vários policiais e atiraram na polícia. A polícia não tinha outra alternativa, a não ser atirar", disse, ao vivo, antes de saber quem estava no carro em fuga.
E seguiu: "Não tem uma atitude agressiva da polícia em momento nenhum lá atrás".
Depois, desabafou para a Folha: "Não tenho medo de nada, mas estou com medo de colocar a família no carro e tomar um tiro na cara". A cena já estava no YouTube no início da noite.
DEPOIMENTO
Corri abraçado aos dois: meu filho e o menino que chorava
ALEXANDRE FELIX DE OLIVEIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quando senti a Pajero bater na traseira do meu carro uma, duas vezes, minha reação foi pisar no freio. Pensei: "O cara vai tentar fugir!".
No retrovisor, vi o carro cantando pneu, saindo fumaça. Pisei mais firme ainda. Ele não vai fugir! Achei que fosse uma batida de trânsito.
Moro em Pirituba, estava indo para casa com meu filho de oito anos, Alexandre Jr. Tinha pego esse caminho justamente para escapar da marginal Tietê, pois me disseram que ela estava parada.
Só comecei a entender que era algo diferente quando escutei o primeiro tiro. O policial atirou perto de mim. Minha reação foi deitar sobre meu filho no banco do carro.
Pensei que seriam uns dois tiros, mas foram muitos, não paravam nunca. Um policial gritou: "Parem de atirar que tem criança!".
Abracei meu filho e disse a ele para corrermos. Corri para o lado errado. Fui em direção a um policial. Depois, fui em direção à avenida.
No meio do caminho, abracei um menino com umas bolinhas, aqueles que fazem malabarismo nas ruas.
Ele estava chorando no meio da rua. "Vem comigo, menino", eu disse. Corri abraçado aos dois garotos.
Nunca na minha vida havia passado por algo assim.
DESESPERO
"Parecia cinema. Nunca vi uma coisa dessas. Isso é coisa que a gente só vê em filme"
AMARO JOSÉ DA SILVA
motorista de picape atingida pelo carro em fuga
"Em 16 anos de PM, nunca passei por isso. Por pouco não aconteceu uma tragédia"
MARCELO APARECIDO FERREIRA,
sargento da PM que participou da perseguição
"Escapei dessa por milagre. Só pensava em fugir dos tiros"
RICARDO DUARTE,
motorista de um dos carros atingidos pelo Fiesta do criminoso
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
"A narração de Datena, como sempre, foi pró-polícia"
Você queria uma narração "pró-marginal"? Haha
Parabéns Datena!
É um saco que já faz tres dias falando a mesma coisa...Poxa...conteceu e pronto. Vai mostrar outra coisa ! Já esta um saco isto datena, vá achar algo novo !
O problema nao é o jornal, o apresentador que é ruim de mais ! Sai datena !!!!
Caro Sysop, se não gosta de realidade não assista o Datena na Band, tente algo como Jornal da TV Camara ou Senado lá é tudo azul.
Postar um comentário