Grupo acusado de vários crimes ainda é alvo de Promotoria; três foram presos ontem
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
O Ministério Público Estadual e a Corregedoria da Polícia Militar investigam a existência de um grupo criminoso chamado de "eixo do mal" da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), espécie de tropa de elite da PM paulista.
Ontem, Renata Gomes de Oliveira Franco, o PM Deoclécio Onofre Souza e Lucio Flávio Moreira Santos -suspeitos de ligação com o grupo- foram presos temporariamente por 30 dias.
Eles são acusados pela Promotoria e Corregedoria da PM de matar o soldado da Rota Emerson Barbosa Santos, 32, marido de Renata.
O soldado foi encontrado morto em Louveira (71 km de SP), em setembro de 2006.
O PM Souza foi preso ontem dentro do 15º Batalhão, em Guarulhos (Grande SP). Ele trabalhou na Rota até 2006, era vizinho e amigo do PM assassinado.
O "eixo do mal" tem cerca de dez PMs, segundo a investigação, e é suspeito de praticar crimes como roubo de carga e homicídios.
Hoje, a maioria dos suspeitos está fora da Rota e trabalha no norte da Grande SP.
Pelo que descobriram a Promotoria e a Corregedoria, Santos era integrante do "eixo do mal" e brigou o grupo.
O corpo carbonizado do soldado foi encontrado numa área rural de Louveira. A investigação aponta que o soldado não foi morto em Louveira, mas, sim, dentro de sua casa, em Guarulhos.
OUTRAS INVESTIGAÇÕES
Após a morte do soldado Santos, alguns dos PMs suspeitos de integrar o "eixo do mal" da Rota foram transferidos para o 18º Batalhão da PM, na zona norte de SP.
Mais tarde, esses mesmos PMs foram investigados sob suspeita de participar do atentado a tiros que matou em janeiro de 2008 o coronel José Hermínio Rodrigues.
Uma das hipóteses para a morte de Rodrigues, comandante da PM na zona norte, é a de que ele combatia PMs do 18º Batalhão que formaram um grupo de extermínio.
A reportagem da Folha não conseguiu localizar os advogados de defesa do PM Onofre Souza, de Renata Franco e de Lúcio Santos.
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12 PMs suspeitos da morte de motoboy são denunciados
DE SÃO PAULO - O Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra os 12 PMs suspeitos da morte do motoboy Eduardo Luis Pinheiro dos Santos, 30 anos, dentro das dependências do 9º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano, na Casa Verde (zona norte de SP), no último dia 10 abril.
Nove PMs foram acusados de homicídio triplamente qualificado -motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou defesa, já que Santos estava algemado- e fraude processual. Outros três foram acusados apenas de homicídio
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Mais uma Chacina em São Paulo
Escondido, menino sobrevive a chacina
Criança de 3 anos dormia em colchão sob berço e não foi vista por assassino
Mãe, padrasto e irmão de 4 meses foram mortos em Osasco; foi a 10º chacina no ano na Grande São Paulo
WILLIAM CARDOSO
DO "AGORA"
Escondido sob um berço, um menino de três anos foi o único sobrevivente de uma chacina ontem de madrugada em Osasco (Grande SP).
Ele não foi visto pelo homem que entrou no cômodo onde ele e sua família dormiam e matou, a tiros, sua mãe, o padrasto e o irmão -um bebê de quatro meses.
O garoto dormia em um colchão, sob o berço. Acordou com os disparos, mas permaneceu em silêncio. Segundo familiares, viu apenas as botas do criminoso.
O autônomo André Barsoti de Lima, 23, a mulher dele, Jéssica Vicente da Silva, 21, e o filho do casal, André Vicente Lima, dormiam abraçados. Os adultos levaram dois tiros cada; o outro disparo atingiu o bebê. Morreram no local.
A mãe de Lima, a dona de casa Marisa Barsoti, 52, que vive no piso superior da casa no Jardim Munhoz Júnior, notou o vulto de um homem de cabelos curtos e negros correndo pela rua. Nada foi levado da residência.
Até a noite de ontem não havia pistas do assassino.
O menino ainda não sabia que os familiares estavam mortos. "Ele acha que foram ao médico. Ainda não perguntou por eles", disse Adriana Barsoti de Lima, 28, irmã do padrasto.
A criança ficará com a avó materna -segundo parentes e vizinhos, ele não mantinha contato frequente com o pai.
Durante o dia, o menino ficou em meio aos policiais e brincou com colegas em frente ao local do crime.
DROGAS
Conhecidos da família contaram que o autônomo discutiu com um estranho horas antes de ser morto.
Lima era usuário de drogas, de acordo com parentes. "Mas ele tinha parado e até frequentava a igreja", afirmou Adriana.
O crime em Osasco foi a 10º chacina do ano na Grande SP, totalizando 41 mortos e três feridos.
Garoto não sabe da morte dos familiares
DO "AGORA"
O único sobrevivente da matança em Osasco, na Grande São Paulo, ainda não sabe que a mãe, o irmão e o padrasto foram assassinados.
"Ele acha que foram ao médico. Ainda não perguntou por eles", afirma Adriana Barsoti de Lima, 28, irmã do padrasto da criança de três anos.
O garoto ficará com a avó materna.
Durante o dia, o menino brincou com os colegas em frente ao local do crime, como se nada tivesse acontecido.
Ficou em meio aos policiais que atenderam à ocorrência e ganhou um iogurte de um deles. Ele permaneceu na casa onde vivia com a família e comeu bolachas e pão.
A avó materna foi informada da chacina e deve buscá-lo hoje. "Pediu para separarmos as roupinhas", disse Adriana.
O garoto era bastante ligado ao irmão. "Ele amava o nenezinho. Abraçava, beijava e tinha ciúmes de que outros se aproximassem", afirmou Adriana.
PAI
O menino passou a morar no cômodo onde ocorreu a matança depois que a mãe se aproximou do padrasto, há cerca de dois anos.
Familiares e vizinhos afirmaram que ele não mantinha contato frequente com o pai.
Hoje, às 11h, os corpos da mãe, do irmão e do padrasto serão enterrados no Cemitério Santo Antonio.
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3 suspeitos de mortes no litoral são presos
Corregedoria investiga a participação de PMs
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
A polícia prendeu ontem no Guarujá (SP) três homens investigados sob suspeita de participação em alguns dos 23 assassinatos nas quatro maiores cidades do litoral do Estado -Santos, Guarujá, São Vicente e Praia Grande.
A polícia espera prender mais dois suspeitos.
A suspeita das polícias Civil e Militar é que os três sejam ligados a PMs que atuam nas cidades onde as mortes aconteceram e formaram um grupo de extermínio
Os nomes dos policiais não foram divulgados.
Em princípio, a Polícia Civil não quis divulgar as prisões. O argumento era de que a divulgação dos fatos atrapalharia a prisão de mais suspeitos. No entanto, o Comando-Geral da PM convocou uma entrevista coletiva para revelar as detenções.
HISTÓRICO
A série de mortes na Baixada começou após o assassinato do soldado da PM Paulo Rafael Pires, 27, no dia 17 de abril, que foi morto com dez tiros de fuzil e pistola disparados por ao menos duas pessoas no Guarujá.
Desde então a Polícia Civil desenvolve duas linhas de investigação: um grupo de extermínio de PMs que quis se vingar da morte do soldado Pires e uma disputa por pontos de tráfico de drogas que também envolveria policiais da região.
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