Petista promete erradicar a miséria até 2014, enquanto tucano propõe criar Ministério da Segurança Pública
Marina defende adoção de critérios ambientais na administração, mas faz poucas promessas para um governo do PV
DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA
Apesar de os programas de governo dos pré-candidatos à Presidência ainda estarem sendo rascunhados, Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) já começam a soltar, com parcos detalhes, as primeiras promessas de campanha.
A Folha consultou especialistas sobre a viabilidade e possível eficácia de compromissos assumidos pelos presidenciáveis.
As principais propostas de Serra estão na área da segurança, um dos eixos do "tripé" que o tucano invariavelmente cita em discursos e entrevistas, ao lado de saúde e educação.
A principal delas já havia sido bandeira de sua campanha derrotada ao Planalto em 2002: a criação do Ministério da Segurança Pública. O tucano promete tornar a União protagonista das ações de combate à criminalidade, ainda que seja necessário mudar a Constituição.
Para a socióloga Jacqueline Muniz, pesquisadora da área, a eficiência desse ministério dependeria de uma reformulação do marco legal que confira à União, por exemplo, o poder de cobrar metas dos Estados.
"Terá que se discutir com governadores e prefeitos para se chegar a um consenso. Ninguém quer perder poder, por isso o tema nunca avançou no Brasil", diz.
ERRADICAÇÃO
A mais relevante promessa anunciada por Dilma é a de erradicar a pobreza extrema no Brasil até 2014. Por "miséria", ela refere-se a 4,5 milhões de famílias que sobreviveriam com menos de um quarto de salário mínimo ao mês (R$ 128), por integrante.
A fonte de Dilma para a promessa é o estudo sobre pobreza e políticas públicas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vinculado à Presidência.
O próprio estudo diz que a erradicação da pobreza extrema se daria em 2016 -se repetidos "os melhores desempenhos brasileiros."
Marina defende a adoção de critérios ambientais em toda a administração federal, mas apresenta poucas promessas objetivas para um eventual governo do PV.
Na última quarta-feira, propôs criar um sistema único de educação, seguindo o modelo do SUS. "Isso é necessário, mas não é uma ideia nova nem original", diz Cesar Callegari, do Conselho Nacional de Educação.
"Muitos estudiosos defendem isso. O ideal era que a proposta estivesse na mesa de todos os candidatos."
(BRENO COSTA, BERNARDO MELLO FRANCO e RANIER BRAGON)
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