quarta-feira, 19 de maio de 2010

PF prende oito em ação contra venda de sentenças no TRE-MT


STJ expediu 9 mandados de prisão temporária e 30 de busca e apreensão; suspeita surgiu em investigação em Goiás em 2007

Mulher de desembargador afastado por suposto desvio de verba no TJ está entre os detidos; envolvidos não comentaram a operação


RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

A Polícia Federal deflagrou ontem em Mato Grosso operação para desmontar uma quadrilha suspeita de envolvimento em um suposto esquema de venda de sentenças instalado no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Estado.
Nove mandados de prisão temporária e 30 de busca e apreensão foram expedidos por ordem da ministra Nancy Andrighi, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), responsável pelo inquérito judicial que apura crimes de exploração de prestígio, corrupção ativa e passiva e formação de quadrilha.
Participaram da Operação Asafe 130 policiais -o nome da ação é referência ao profeta que escreveu o salmo bíblico 82, que questiona "até quando julgareis injustamente?".
Até a conclusão desta edição, oito pessoas haviam sido presas. Entre elas estão Alcenor Alves de Souza, advogado e ex-prefeito de Alto Paraguai (MT), e a advogada Célia Cury, mulher do desembargador aposentado José Tadeu Cury, afastado do TJ por suspeita de desvio de verbas.
Também foram presos o advogado Jarbas Nascimento, ex-chefe de gabinete de Tadeu Cury, e o empresário Cláudio Emanuel Camargo, genro do ex-desembargador.
A Folha apurou que os mandados de busca e apreensão atingiram as casas de Tadeu Cury, do ex-desembargador Donato Fortunato Ojeda e dos desembargadores Evandro Stábile (atual presidente do TRE-MT) e José Luiz de Carvalho, além dos juízes Eduardo Jacob e Ciro Miotto.
Cinco advogados -entre eles, três ex-juízes do TRE- foram chamados a prestar depoimento na PF. Ao deixar o local, a ex-juíza Maria Abadia Aguiar disse que teve seu nome citado pelo ex-prefeito Alcenor Alves em diálogo telefônico interceptado pela PF, mas negou envolvimento. "Estou tranquila."
O superintendente da PF Valmir Lemos de Oliveira não confirmou nomes e cargos dos envolvidos e se disse impossibilitado de fornecer detalhes.
A suspeita de irregularidades, segundo a PF, surgiu em 2007, durante investigação conduzida pela PF de Goiás.
O juiz Eduardo Jacob disse não saber o motivo de sua casa ter sido alvo de um mandado de busca e apreensão. As defesas dos demais envolvidos não comentaram a operação.

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