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domingo, 25 de abril de 2010
Confira a íntegra do discurso do senador Mercadante no Encontro Estadual do PT
Mais de 4 mil militantes lotaram a quadra do sindicato dos Bancários de São Paulo neste sábado, 24, onde o PT confirmou as pré-candidaturas de Aloizio Mercadante para o governo de SP e de Marta Suplicy para o Senado.
As pincipais lideranças políticas paulistas de nove partidos estavam lá, e contou com a presença também de Dilma Rousseff.
Mercadante lembrou suas origens, nascido em Santos, e como filho de militar, teve que morar em muitos estados do Brasil, devido as transferências. Mas não só nasceu como escolheu sempre viver em São Paulo, desde os 15 anos, quando veio em definitivo, e nunca mais quis sair de São Paulo.
Terra rica em migrantes precisa de um governo para todos
A gente aprende que São Paulo tem gente de toda parte. Pra cá vieram imigrantes, os portugueses, espanhóis, italianos, alemães, franceses, japoneses, e aqui construíram suas famílias e ajudaram a trazer um pedaço das suas culturas pra construir a nossa identidade, que é própria, é nossa, que são as nossas tradições, já tão consolidadas como povo paulista.
Nós recebemos migrantes de toda parte. Dos mais de 30 milhões de migrantes que saíram do Nordeste para o Sul e para o Sudeste, São Paulo foi o estado que mais os acolheu. Nós recebemos gente do Norte, do Centro-Oeste, do Sul. São Paulo, portanto, é uma cultura de muitos povos, de muitas tradições, e por isso mesmo muito rica na sua diversidade. Esse sentimento de fazer parte desse estado tão importante historicamente traz pra mim um misto de orgulho e de responsabilidade.
São Paulo precisa aproveitar melhor o bom momento que vive o Brasil
"... aqueles que apostaram na crise, olhando para o que ainda acontece nos Estados Unidos, no Japão, na Europa, perderam o discurso e credibilidade, porque o Brasil está crescendo neste primeiro trimestre mais de 7% ao ano, batendo recorde de empregos, com 657 mil novos empregos gerados. Deixa um Brasil que, pela primeira vez, a gente cresce distribuindo e distribui pra crescer. Porque o social foi o eixo econômico, com o Bolsa Família, com o salário mínimo, com a distribuição de renda e com o combate à pobreza."
Interior paulista precisa de políticas além de Pedágios e Presídios
Para aproveitar essa oportunidade, Mercadante diagnosticou que um dos primeiros desafios a serem vencidos em São Paulo é desenvolver um crescimento no nosso estado mais harmônico, com menos desigualdade e assimetria, inclusive regional.
"... a macrorregião de Campinas, Baixada Santista e São Paulo representam hoje 63% da economia. E as periferias vão crescendo de forma desorganizada. E o interior, em mais de 200 cidades tivemos redução demográfica, as pessoas estão saindo especialmente do Oeste paulista, porque a única política que tiveram foi pedágio e presídio...
... E digo que um dos primeiros atos do meu governo será criar um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, como o presidente Lula fez para dialogar com todos os setores e nós vamos regionalizar esse Conselho pra criar governabilidade em cada região administrativa do estado de São Paulo. São Paulo vai se interiorizar, vai olhar o interior com mais respeito e com mais atenção. "
Engarrafamentos e lerdeza demo-tucana na construção do metrô
"... São Paulo, no governo do PSDB, criou 1,2 quilômetro de metrô por ano. Pra gente chegar onde está a Cidade do México, que começou a construir junto com São Paulo a construir o metrô, nós vamos precisar mais de 100 anos no ritmo que eles impuseram. Nós vamos acelerar o metrô, recuperar a CPTM, fazer o Ferroanel, pra ter trem, metrô e corredores de ônibus pra ter transporte de qualidade, porque o povo não pode ser tratado com essa indignidade que é o transporte de São Paulo hoje".
Educação de qualidade e respeito ao professor
"A escola é a prioridade das prioridades. E mesmo que o eleitor às vezes não veja isso, eu vou lutar nessa campanha pra colocar a educação em primeiro lugar entre as políticas públicas desse estado.
Minha companheira Dilma, Marta, uma mãe chegou pra mim e falou que o filho está com medo na escola. Eu falei: mas o que que é ? É o tráfico, as brigas? Porque estão acontecendo, o tráfico está na porta das escolas. Ela falou que não, que o medo dele é quase um pavor, ela disse pra mim que o medo dele é que o professor o chame na frente da sala e ele tenha que ler um texto. Porque ele está na 4ª série e não consegue ler, não consegue escrever....
... Os exames de avaliação do ensino em São Paulo, como o Pisa, que é um exame internacional, mostram que São Paulo está abaixo da média nacional. Como é que o estado mais rico da federação não consegue criar uma educação de qualidade, que impulsione o Brasil e mostre o caminho do futuro?
... Nós tivemos uma greve dos professores... Nós construímos a democracia para que qualquer um se manifeste como quiser, qualquer categoria, em qualquer momento. Quantas greves o governo Lula enfrentou? Buscando o diálogo, a negociação, a valorização do funcionalismo, hoje nós temos muito menos conflitos do que tínhamos. Se tiver uma mesa permanente de diálogo com o funcionalismo, o conflito diminui.
Agora, o que é que está por trás dessa greve: cinco anos que uma parcela da categoria dos professores, que tem o 14º salário do Brasil, em cinco anos recebeu 5% de reajuste. Eu não sou contra que a gente possa ter uma política de abono por desempenho. Mas não é possível impor uma prova, só 20% pode ter direito ao abono, e depois que recebem ficam quatro anos sem receber. E principalmente: uma categoria de professoras e professores cujo principal instrumento de trabalho é um pedaço de giz não pode ser tratado com borrachada e cassetete como aconteceu em São Paulo.
Não prometo atender todas as reivindicações. Mas prometo que farei de tudo pra dar dignidade, dar autoridade, formar os professores, motivar os professores, a começar por um diálogo permanente que nós vamos ter com eles e com as outras categorias do funcionalismo do Estado, que precisa ter mais respeito e melhor tratamento."
Habitação: governos demo-tucanos deixaram a desejar
"Se a gente olhar pra situação da habitação em São Paulo, nós temos tido uma média de 20 mil casas por ano ao longo desses últimos anos do governo do PSDB. Nós temos, só na Grande São Paulo e na macrorregião de Campinas, 11% de casas que precisam ser totalmente refeitas ou removidas. A maioria em situação de favela ou cortiço. Nesse ritmo, nós vamos precisar de 42 anos pra resolver. Ou seja, em São Paulo a CDHU mostrou que precisa de parceria com o governo federal. O programa Minha Casa, Minha Vida já tem 72 mil casas sendo construídas em São Paulo. Imagina se o governo do estado ajudar a financiar o terreno, ampliar esse programa e fazer uma verdadeira parceria... Nós vamos ser parceiros naquilo que é habitação popular.
... Nós vamos olhar moradia popular com os movimentos populares, construindo um programa muito mais ousado.
Porque o presidente Lula me disse uma coisa: o grande sucesso do meu governo é que eu estou fazendo o básico pro povo, é ter emprego, é ter salário, é botar o filho na escola, é a renda mínima, é poder ter uma casa, esse é o segredo pra gente construir uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária."
Segurança pública
"Se nós quisermos olhar pro futuro, nós vamos ter que repensar a política de segurança pública em São Paulo. Não dá pra população e pro governo achar que só se lembra da polícia quando disca o 190. Aí todo mundo lembra da polícia. E nós, que temos uma tradição de luta, precisamos repactuar a relação com a polícia militar e civil em São Paulo, porque precisa de mais policiamento ostensivo, a melhor polícia é aquela que previne o crime. E quando ele ocorre as delegacias têm que ser reestruturadas pra poder responder à população.
E pra isso nós vamos ter que enfrentar a crise do sistema prisional... Porque, se nós não sairmos, tivermos passividade, falta de firmeza, de competência, nós já vimos aonde vai dar: o crime organizando, atacando a sociedade, matando policiais, assustando e impulsionando o tráfico de crack, de droga, como a gente vê hoje.
Nós temos que separar os presos por grau de periculosidade. Para os que são primários, os que são reincidentes, não perigosos, trabalho e educação para progressão no sistema prisional. Nós temos, para aqueles que não precisam ser presos, monitoramento eletrônico e pena alternativa, é muito mais inteligente ele trabalhar aqui fora pelo crime que cometeu que não ameace a vida e a sociedade, do que ficar preso nesse sistema, que ele sempre sai pior do que entrou, no sistema prisional. Nós temos que reestruturar as prisões e criar uma polícia comunitária, reaproximando São Paulo e valorizando a polícia. Nós fizemos isso com a Polícia Federal, nós fizemos a força nacional, que são exemplos de competência e atitude séria na segurança do Brasil."
Alagões
"Nós temos que reorientar a Sabesp, não apenas na relação com os municípios e com seus clientes, mas na proteção dos mananciais, da águas, das matas ciliares, o governo do estado tem que ter uma proteção mais pró-ativa na proteção do que resta de mata atlântica, no combate às emissões.
Demos passos concretos para reduzir a emissão de gás carbônico e reduzir o efeito estufa. Estão em toda parte, os tufões, tsunamis, os terremotos, as enchentes. Eu percorri a maioria das cidades que foram atingidas e o governo federal está liberando recursos, dando apoio, ajudando esses municípios a enfrentar – 79 mortos, mais de 20 mil pessoas desabrigadas. Onde esteve o governo do estado em um momento tão delicado como esse".
Chegou a hora de São Paulo destucanar
"Presidenta Dilma: você sabe que a disputa aqui não é fácil. Nunca foi. Nesses 27 anos que o mesmo grupo se alterna ao poder e 16 anos do PSDB no governo mostra que nós teremos uma disputa dura. Mas eu sinto que todo esse tempo vai acomodando as pessoas. Falta criatividade, falta energia, falta motivação. E nós já estamos hoje, ontem, no ato que fizemos, estavam aqui os companheiros do PT do B, do PRP, do PTN, do PPL, do PRB, do PR, do PC do B, do PDT, do PT. Nós já temos nove partidos e podemos ir além disso. Pela primeira vez na história de São Paulo nós conseguimos apoio das centrais sindicais e um amplo movimento pela mudança e pela transformação.
E isso, esse salto que nós estamos dando, qual é a novidade? É que a mesma São Paulo que nunca deu oportunidade ao Lula de vencer uma eleição, hoje aplaude e reconhece a qualidade do governo Lula."
A íntegra do discurso pode ser lida aqui.
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