sábado, 17 de abril de 2010

Apurar corrupção no IC é prioridade, diz secretário

Peritos da polícia de São Paulo são investigados sob suspeita de vender resultado de laudos

Conclusões das perícias teriam beneficiado o consórcio que constrói uma linha do metrô paulistano e a Igreja Renascer em Cristo


ROGÉRIO PAGNAN
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
FLÁVIO FERREIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de SP, Antonio Ferreira Pinto, determinou ontem que as investigações sobre a possível venda de laudos por peritos do Instituto de Criminalística seja prioridade da Corregedoria Geral da Polícia Civil e requisitou informações pormenorizadas de todas as apurações feitas até agora.
A determinação ocorreu após a Folha revelar que a Corregedoria e o Ministério Público Estadual apuram possível venda, por parte de quatro peritos, de resultado de investigações para beneficiar o Consórcio Via Amarela, que constrói uma linha do metrô, e a Igreja Apostólica Renascer em Cristo.
As suspeitas são de que os peritos receberam propina para produzir laudos nos quais eram reduzidas as responsabilidades do consórcio pelo acidente na obra do Metrô, em Pinheiros, em 2007, e da Renascer, em razão da queda do teto do templo, onde nove pessoas morreram em 2009.
Com laudos favoráveis, o consórcio e a igreja poderiam evitar eventuais prisões e indenizações milionárias.
Ferreira Pinto também disse ter interesse especial na investigação porque seu secretário-adjunto, o procurador Arnaldo Hossepian, atuou pelo Ministério Público na investigação criminal do acidente do metrô.
Foi Hossepian quem desprezou o documento do IC na denúncia feita à Justiça, porque viu falhas no documento.
A ação criminal do caso do Metrô corre o risco de ser anulada, a pedido da defesa, por não ter sido utilizado o laudo do IC, mas um outro, do IPT.

Polícia Federal
A suspeita de propina na investigação do acidente do Metrô surgiu na operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, que apurou supostos crimes financeiros praticados pela Camargo Corrêa, que integra o Via Amarela com Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e Alstom.
Um dos documentos apreendidos traz a sigla "POL", relacionada ao valor de R$ 550 mil. Segundo relatório do caso, o papel "pode dizer respeito a pagamento à polícia, tendo como contrapartida, possível abrandamento das responsabilidades no inquérito".
Um dos investigados é José Domingos Moreira das Eiras, que perdeu o cargo de diretor do IC após a suspeita de fraudes em concursos, revelada pela Folha. Também são investigados os peritos Edgard Engelber, Jaime Telles e Henrique Honda, que foi diretor do núcleo de engenharia do IC. Eles continuarão em suas funções até a conclusão da investigação.

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