quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Serra quer mudar nome da PM para Força Pública

Medida tem o objetivo de desvencilhar corporação da nomenclatura inserida durante a ditadura militar

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador José Serra (PSDB) enviou à Assembleia uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que muda o nome da Polícia Militar para Força Pública. A corporação já teve esse título por três vezes desde a sua criação, em 1831.
Para o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Camilo, a proposta faz parte de um projeto maior. É, segundo o coronel, a continuação da busca da "excelência". "Queremos nos aproximar ainda mais da população."
A Polícia Militar tem esse nome desde 1970, quando houve a unificação da Força Pública e da Guarda Civil do Estado. A junção ocorreu durante o regime militar, ligação que o governo tenta agora modificar.
Na justificativa enviada à Assembleia, o governo afirma que renomear como Força Pública a PM é um resgate histórico do nome da corporação no momento de "redemocratização do país". O texto não especifica quais seriam os custos da mudança. Para a medida ser aprovada são necessários dois terços dos 94 votos da Assembleia, em dois turnos.
Para o líder do governo, Vaz de Lima (PSDB), este é um momento ideal para discutir a mudança de nome, já que no Brasil também se discute outros temas relacionados ao período militar, como a anistia. "É o momento de se desvencilhar."
Para os coronéis da reserva Rui César Melo (ex-comandante-geral da PM) e Edson Ferrarini (deputado pelo PTB), a mudança é benéfica porque o nome Polícia Militar se desgastou com o tempo e a corporação pode melhorar sua imagem.

Críticas
Para o especialista em segurança Luis Flavio Sapori, o projeto é pura "perfumaria", pois rebatiza a polícia sem prever uma mudança de política de segurança. "É difícil acreditar que alguma justificativa convincente seja apresentada para tal esforço político", disse. "Organizações policiais não se transformam pela simples alteração de nomenclaturas", afirmou.
O deputado Vanderlei Siraque (PT) acredita que a mudança não resolverá os problemas estruturais da PM.

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