domingo, 7 de fevereiro de 2010

As estatísticas do crime

DO BLOG DO LUIS NASSIF

Por C. Brayton


Faz tempo que observadores do governo estadual aqui questionam o rito anual de lançar as estatísticas de crime.

Esse ano, a Folha de S. Paulo fustigou o governo de Serra por não ter tirado o estado da faixa que a OMS considera uma “epidemia” de homicídios.

Interessante saber que tem a mesma suspeita sobre os números de crime em Nova York, começando com o prefeito Giuliani.

Primeiro, de 2005, na FSP, sobre a prática de registrar mortes como “cadáver encontrado” ou “causa de morte desconhecida” no BO para deixar a taxa mais baixa:

— [O boletim de ocorrência] engana a estatística, mas conta a verdade para a equipe que vai investigar o caso”, afirma o presidente do IBCCrim. Ele também acredita que a negligência e até a incompetência de alguns policiais podem explicar esses erros. “Mas só um levantamento estatístico completo, com tendências anteriores, poderá esclarecer isso”, afirma. … Para Wânia Pasinato Izumino, pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (Universidade de São Paulo) e doutora em sociologia, o erro nos boletins é indiscutível e é mais um fator que coloca em xeque a credibilidade das estatísticas criminais em São Paulo. “A polícia não tem padronização para nada.”

Quanto à Grande Maçã, uma versão portuguesada por mim da reportagem de 6 fev no NY Times:

http://www.nytimes.com/2010/02/07/nyregion/07crime.html


– Mais que cem capitães e oficiais de mais alto patente, aposentados do Departamento de Policia de Nova York (NYPD), disseram numa pesquisa que as pressões para produzir uma redução nas taxas de crime cada ano levou alguns superintendentes e chefes de delegacia a manipularem estatísticas de crime, segundo dois criminologistas que estão para lançar um estudo do departamento.

– Os aposentados disseram saber de mudanças “eticamente inadequada” em boletins de ocorrência nas sete categorias levadas em conta pela programa Compstat, segundo um resumo dos resultados da pesquisa e entrevistas com os pesquisadores que a realizaram.

– Os totais nessas chamada crimes-índice são fornecidos à Polícia Federal (FBI), os relatórios sobre o crime das quais tem sido utilizado pelo prefeito da cidade, Michael R. Bloomberg, e seu antecessor, Rudolph W. Giuliani, para comparar Nova York em termos favoráveis a outras cidades e para pintar a cidade como um lugar muito mais seguro — afirmação que o resumo da pesquisa não contradiz.

Importante ressalva, essa: Os números de S. Paulo também não contradiz um melhoramento na segurança da cidade — salvo no case de mortes produzidas pela polícia, segundo Human Rights Watch.

Não existe a queda de matanças pela polícia esperada na luz da queda em homicídios e violência em geral.

Para ler mais:

http://obicho.wordpress.com/2010/02/06/a-aritmetica-de-crime-norte-e-sul/

Autor: luisnassif - Categoria(s): Segurança, Sem categoria

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