sábado, 23 de janeiro de 2010

A fraude no Detran paulista

Casa Verre fez doação para campanha de Alckmin em 2002

Empresa estaria por trás da vitória em nove dos dez lotes de lacração e emplacamento de veículos em SP


Rodrigo Alvares, do estadao.com.br

SÃO PAULO - Prestação de contas publicada no site Transparências mostra que a empresa Casa Verre doou R$ 4 mil para a campanha à reeleição do então governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), em 2002. A empresa é investigada desde 1997 pelo Ministério Público Estadual por ter sido contratada pelo Detran sem licitação e por meio de contratos de emergência - a situação provocou a queda, em 2005, do então diretor do órgão, José Francisco Leigo. Em reportagem publicada nesta sexta-feira, 22, o estadão.com.br informou que Alckmin teria recebido informações apontando a manipulação de um pregão do Detran de 2006 que deu a empresa Cordeiro Lopes o controle dos serviços de emplacamento de carros no interior do Estado de São Paulo.
Segundo a reportagem, a Casa Verre estaria por trás da vitória da Cordeiro Lopes em nove dos dez lotes de lacração e emplacamento de veículos do Estado, licitados no pregão de 2006. Segundo investigação do próprio Detran, a Cordeiro é suspeita de inflar prestações de contas dos serviços prestados ao Estado, num golpe que pode ter causado um prejuízo de R$ 40 milhões aos cofres públicos.
Após operação da corregedoria do Detran na sede das duas empresas no último dia 14, novas evidências de que a Cordeiro Lopes serviria de fachada para a Casa Verre foram encontradas. Além das sedes das duas serem vizinhas e de possuírem o mesmo advogado, foi na Casa Verre que toda a documentação da Cordeiro foi localizada, como revelado pelo Estado no último dia 15.


Alckmin foi avisado em 2006 de suspeita de fraude no Detran


Ex-governador recebeu documentos que apontavam conluio para favorecer empresa fantasma em pregão


André Mascarenhas, do estadao.com.br

SÃO PAULO - O ex-governador Geraldo Alckmin e a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do governo de São Paulo foram alertados, em janeiro de 2006, de fortes indícios de manipulação em um pregão que garantiu o controle de todo o serviço de emplacamento de veículos no interior do Estado a uma única empresa, a Cordeiro Lopes, suspeita de ser uma firma fantasma. A denúncia foi protocolada no Palácio do Governo por um perito contábil que participou do pregão, que afirma também ter alertado pessoalmente o então governador. A Cordeiro Lopes é hoje, quatro anos após Alckmin ter sido avisado das suspeitas, alvo de investigação do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), que analisa a quebra do contrato.

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