sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Delegado-geral contesta total de apurações

Domingos Paulo Neto divulgou nota em que afirma que apenas 1,4% dos delegados são investigados por casos graves em 2009

Reportagem da Folha mostrou que 24% dos 3.313 delegados são investigados pela Corregedoria em casos abertos nos últimos anos


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O delegado-geral da Polícia Civil de SP, Domingos Paulo Neto, divulgou ontem uma nota à imprensa para contestar reportagem publicada pela Folha no domingo, segundo a qual cerca de 800 (24%) dos 3.313 delegados do Estado são hoje investigados pela Corregedoria Geral da corporação -pelos mais variados motivos.
Na nota, o delegado-geral afirma que, no ano de 2009, apenas 48 dos 3.313 delegados "foram submetidos a processos administrativos pelos crimes infamantes mencionados na epigrafada reportagem, o que representa 1,4% do total de integrantes da carreira de delegado e não 24% como incorretamente constou daquela matéria jornalística".
O delegado disse "presumir" que a Folha incluiu na contabilização dos 800 investigados "infrações de menor relevância" e os chamados "procedimentos de confirmação de carreira" pelo qual a Corregedoria apura a conduta de todos os delegados em seu período de estágio probatório (três primeiros anos de carreira).
A reportagem de domingo, no entanto, não incluiu esses casos "de confirmação de carreira", assim como também não tratou apenas das investigações abertas no ano passado -mas de todos os casos em investigação contra delegados.
As investigações da Corregedoria se intensificaram em agosto de 2009, quando Antonio Ferreira Pinto, secretário da Segurança Pública de José Serra (PSDB), suspeitando de corporativismo (muitos dos casos se arrastavam havia anos), decidiu reformular a Corregedoria, vinculando-a diretamente ao seu gabinete. Antes, a Corregedoria estava subordinada à Delegacia Geral.

"Injustiça"
Segundo Paulo Neto, a reportagem da Folha divulgou dados incorretos que "maculam injustamente a honra da secular instituição policial civil".
O delegado-geral contestou na nota também a informação de que 418 policiais foram "removidos" de três dos principais órgãos da instituição. Segundo ele, não houve punição, mas providências com o objetivo de colocar os policiais em unidades mais "compatíveis com seu perfil profissional".
Entre os removidos pelo secretário Ferreira Pinto estão delegados importantes, que foram colocados "na geladeira", em postos de menor destaque. É o caso, por exemplo, de Ruy Ferraz Fontes, o "xerife" do combate à facção criminosa PCC por anos e que hoje está em uma delegacia na periferia.
Um outro caso importante, investigado pela Corregedoria, é o que envolve o policial Renzo Borges Angerami, filho do delegado-geral-adjunto, Alberto Angerami. Ele é suspeito de tentar extorquir dinheiro de um suposto criminoso. O pai dele, braço-direito de Paulo Neto, diz que o filho é inocente.
A Folha procurou ontem Paulo Neto para uma entrevista, mas não obteve resposta. O jornal pediu também, sem sucesso, acesso ao teor das apurações contra os 800 delegados.

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