Seis presídios brasileiros receberão até março scanners corporais que evitarão o constrangimento da revista íntima, procedimento ao qual todas as mulheres são submetidas quando visitam presidiários.
Para o diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Airton Michels, este aparelho dará condições para a desmobilização das quadrilhas dentro dos presídios.
"Seja sob as vestes ou no interior do corpo, qualquer objeto será identificado pelo aparelho. É impossível burlá-lo", garante Michels, que afirma que também os homens serão submetidos à revista com o scanner.
Segundo o diretor do Depen, a revista íntima - procedimento pelo qual as mulheres ficam nuas em cima de espelhos e precisam agachar seguidas vezes a fim de evitar a entrada de drogas, armas e celulares nos presídios - é desnecessária e cria constrangimento para visitantes e, também, para as agentes penitenciárias.
"Apesar de o toque ser proibido, não duvido que ele seja adotado em alguns presídios, e que barbaridades sejam cometidas contra as mulheres pelo Brasil afora. Quando fui superintendente do Sistema Prisional do Rio Grande do Sul, proibi a revista íntima e constatei que a situação continuou a mesma, sem piora", argumentou.
O Depen enviará os aparelhos para as secretarias de segurança de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Amazonas. "São os Estados que decidirão quais presídios receberão o scanner corporal", afirmou.
Fabricado na Alemanha, cada aparelho custará R$ 640 mil aos cofres públicos. "Se levarmos em consideração a avaliação empírica que temos de que 20% das presas por tráfico de drogas foram flagradas durante a revista íntima e que esse equipamento inibirá novas tentativas, o custo dos aparelhos rapidamente estará pago", disse Michels.
Segundo o diretor do Depen, de janeiro a outubro de 2008, houve um aumento de 4,3 mil presas em todo o País. "Nossa população carcerária feminina passou de 23 mil para 27 mil nos primeiros dez meses do ano."
O único Estado a comprar esse aparelho antes do governo federal foi o Rio de Janeiro, para quem a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) informou que, "dentro das condições de uso relatadas pelas autoridades, o body scanner (ou scanner corporal) não oferece perigo algum", e que ele foi adotado por outros países, como Rússia e Lituânia.
"Para haver algum risco para a saúde, seriam necessárias mais de duas mil exposições ao raio-x do equipamento, num espaço de tempo muito mais curto do que o das visitações", informou Michels.
"Este aparelho representa uma ampliação da segurança do sistema prisional e terá, como efeito, a desmobilização das quadrilhas dentro dos presídios", completou.
Agência Brasil
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