No serviço de ambulâncias SAMU da prefeitura de Ferraz de Vasconcelos, cidade da região metropolitana de São Paulo, foi descoberto que médicos usavam cópia de seu dedo, moldado em silicone, para fraudar a frequência no plantão, controlada por relógio de ponto que lê a impressão digital.
A descoberta foi a partir de uma denúncia, levando a Guarda Municipal a gravar em vídeo o delito, com o consentimento do Ministério Público.
Dado o flagrante, foram apreendidos 6 dedos de silicone. Um era réplica do dedo da médica Aline Monteiro Cury que, segundo a prefeitura, é filha do coordenador do SAMU, contratada há 3 anos e nunca trabalhou.
A cidade é governada desde janeiro por Acir Filló (PSDB), que tem o crédito de sua gestão ter agido para desbaratar o esquema. O antecessor, que governou a cidade por 8 anos, foi Jorge Abissamra (PSB), que por sinal é médico, e deixou um rastro de escândalos em sua gestão que estão indo parar na justiça.
Apesar do prefeito anterior ser do PSB e não do PSDB, o caso mostra o quanto o chamado "choque de gestão", tão enaltecido pelos tucanos, pode enganar.
Aparentemente, instalar relógio de ponto com leitura biométrica da impressão digital seria exemplo de boa gestão, modernizando e dando eficiência aos controles, impedindo fraudes. Aconteceu o contrário, e o suposto controle eletrônico eficiente, possivelmente, até poderia servir para legitimar funcionários fantasmas. Afinal quem questionaria a presença de um funcionário, se a impressão digital comprovava o horário de entrada e de saída? Porém o serviço SAMU ficava desfalcado de médicos contratados para estarem ali. Se duas ou mais pessoas chamassem ambulância no mesmo momento, um dos pacientes iria ficar sem atendimento naquele instante por falta de médico, e teria que esperar, o que poderia até ser fatal conforme a gravidade da emergência.
Nada contra a tecnologia e a boa técnica, mas ela, por si só, não traz necessariamente melhorias no serviço público, se não tiver controle humano interno, feito pelo próprio funcionalismo, e externo, feito pelo cidadão a partir de informações transparentes tornadas públicas, para ele fazer controle social.
No caso de unidades de saúde de atendimento ao público, nada mais simples e útil do que publicar em um quadro bem visível a todos os cidadãos (e também na internet), quais médicos tem que estar trabalhando ali, a escala de plantão, qual a especialidade, em qual horário, e ausências justificadas (se houver), para o cidadão saber o serviço que o Estado está lhe oferecendo, e se está sendo entregue, até para ele poder reclamar, se for caso, ou interagir, participar da própria política de saúde pública e cobrar melhorias da prefeitura. É uma medida muito simples e de custo praticamento zero, pois só depende do gestor gastar uns minutos por dia para colocar em prática.
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