quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Governo precisa proteger policiais, diz ex-secretário



DE SÃO PAULO
O advogado Hédio Silva Jr., secretário estadual de Justiça de SP durante os ataques do PCC em 2006, afirma que os criminosos que atuam hoje se mostram mais organizados do que há seis anos.
Folha - Existe uma guerra entre o PCC e a polícia?
Hédio Silva Jr. - Há indícios fortes de ação orquestrada contra PMs. Há circunstância específica, os PMs estão quase sempre fora de serviço. O governo precisa dar resposta à altura para proteger seus policiais, com esquema de proteção. Mas sem tolerar brutalidade e abuso nessa resposta.
As mortes de civis podem ser revanche de PMs?
Não é possível dizer isso de maneira categórica sem ser leviano. Mas a hipótese não pode ser descartada.
O governo minimiza o PCC?
Você não empreende ações dessas se não há capacidade de organização.
Essa associação criminosa tem poder de articulação e hierarquia, e não se pode subestimar isso. Não há improviso nem voluntarismo, há ação coordenada. Em 2006 havia ações orquestradas, mas as de hoje me parecem mais organizadas. Há uma distribuição regional que não parece aleatória.

Há um ciclo vicioso de violência, afirma professor
DE SÃO PAULO
Theo Dias, professor de direito da FGV, diz que existe um clima de revanchismo entre PMs, o que cria um ciclo vicioso de violência.
 
Folha - Há uma guerra?
Theo Dias - Parece haver, o que não deveria. O que se espera é que a polícia aja com inteligência e dentro da lei. Parece é haver clima de revanchismo e um ciclo vicioso de violência. Não se pode igualar os métodos.
Há limites?
Não há dúvida de que a PM tem política interna de contenção de força letal, mas isso cai quando se põe no comando policiais sem histórico de exercício ponderado da força. Mostra compromisso com a política permissiva à força letal.
Vivemos um clima parecido com o de 2006?
Tanto hoje quanto naquela época, há um grupo que cresceu e que tem forte presença nos presídios, com comunicação com o mundo exterior, mas não há clareza em relação à extensão dele.
Não sei até que ponto todas as mortes podem ser atribuídas a um grupo organizado ou se isso tudo não é usado como álibi. É importante entender que algo saiu do prumo, mas temos que ter consciência que pode não ser só o PCC.

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