07/04/2012
Uma Instituição rachada
Imaginou o governador de São Paulo que se divulgasse a nomeação do 2o. colocado na véspera do feriadão, o baque seria logo amainado pela santificada semana e rapidamente absorvido pelos membros do Ministério Público de São Paulo.
Mas a estratégia não deu muito certo. O governador não contava com as redes sociais, o Facebook, em particular. E nem com Procuradores e Promotores de Justiça que prezam - e muito! - pela independência do Ministério Público.
Isso mesmo (Sr. Governador), nós promotores e procuradores de Justiça prezamos a independência (INDEPENDÊNCIA!) do Minisitério Público.
É uma enorme bobagem essa história de "auxílio-alimentação", justificativa esfarrapada utilizada para preterir o candidato vencedor das eleições, sabido que tal gratificação não carece de lei a ser aprovada pela Assembléia Legislativa e por ninguém menos que ele mesmo, o governador do Estado.
Além disso, afirmo com toda sinceridade, ninguém aqui do Ministério Público algum dia quis ou quer essa bosta!
O que queremos e sempre quisemos foi trabalhar e continuar tendo orgulho de nossas funções e de tudo o mais que fazemos em prol do povo de São Paulo, sem a burocracia que ata nossas mãos, e com um mínimo de oxigênio - democracia e participação, sabe o que é isso? - algo que nos foi prometido, com assinatura e tudo, pela gestão Fernando Grella Vieira, promessas de campanha que desgraçadamente jamais foram cumpridas (v. Ouvidos moucos , Yes we can change , Promessas e juras e a carta assinada) .
Felipe Locke Cavalcanti transmitiu com firmeza aos que nele votaram - e que foram a maioria dos membros do MP - a possibilidade de participação e democracia interna. Mais que isso, transmitiu aos promotores e procuradores de Justiça o gosto, a alegria, a garra e a vibração de ser Promotor de Justiça. Por isso, só por isso, ele venceu as eleições.
É triste, muito triste testemunhar agora o que está acontecendo com nossa Instituição, por conta dessa incompreendida nomeação. Em poucas palavras: um grande, um enorme racha.
A divisão interna que se estabelece é muito maior do que tentam retratar os jornais (v. manchete do Estadão: Escolha de 2º colocado provoca divisão no MP).
Dois grandes grupos no Facebook, integrados apenas por Promotores e Procuradores de Justiça (mais de 500 agora), protagonizam discursos e discussões acaloradas. Basta ler os comentários e debates aqui neste blog, que é aberto ao público. O inconformismo e a revolta são muito, muito grandes. E aumentam a cada dia. Isto em pleno feriado prolongado.
Diariamente novos Promotores e Procuradores pedem para ser adicionados aos grupos no FB, engrossando a voz dos revoltados com a surpreendente nomeação.
Mas há algo pior que o inconformismo e a revolta. É a tristeza e o desânimo embutido na manifestação dos colegas inconformados.
Temos hoje uma Instituição rachada e apática, triste e desanimada. E revoltada. Muito, muito revoltada.
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