sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A suspeita sobre o incêndio no presídio de Honduras


Do Opera Mundi

Grupo acusa polícia hondurenha de ter iniciado incêndio em prisão

Agentes teriam espalhado gasolina em volta das celas e disparado com suas armas
O Cofadeh (Comitê de Familiares de Presos Desaparecidos de Honduras) afirmou nesta quinta-feira (16/02) que o incêndio na penitenciária de Comayagua foi causado pelos próprios policiais. De acordo com a organização, os agentes teriam espalhado gasolina em volta das celas e disparado com suas armas para iniciar o fogo, que causou a morte de pelo menos 354 detentos.
O grupo denunciou ainda que havia uma fuga planejada entre os presos e os próprios policiais, marcada para a noite da última terça-feira (14), pouco antes de o incêndio começar.
p>Por meio do depoimento de um detento sobrevivente, o Cofadeh afirmou que o plano incluía a fuga de 85 presos “que pagaram cada um cerca de 85 mil lempiras (cerca de R$ 7,6 mil)”. Os policiais então abririam os cadeados de algumas celas e os 85 envolvidos poderiam deixar o presídio vestidos de policiais.
No entanto, no momento em que os presos esperavam pelo cumprimento do acordo com os policiais, o fogo começou a consumir as instalações da penitenciária. O sobrevivente denunciou ainda que os bombeiros demoraram a entrar no presídio e que o diretor da penitenciária nem ao menos estava no local.
“Os agentes não abriram as celas para salvar as vidas em meio ao estado de necessidade e ainda dispararam suas armas contra os presos que se salvaram das chamas por seus próprios meios”, denunciou.
O Cofadeh recomendou ainda que as autoridades do país revisem a conta bancária do diretor da penitenciária, pois ele teria recebido dinheiro dos presos para auxiliar na fuga.
Familiares das vítimas, que ainda aguardam pela identificação dos corpos, também questionaram a ação dos policiais durante a tragédia. “Por que não houve guardas mortos, só detentos?”, questionou Nelly Baca, prima de um dos detentos mortos, à Agência Efe.
“O que houve na prisão de Comayagua foi um ato criminoso. Esse negócio de que alguém colocou fogo em um colchão nem um tolo acredita, porque não seria suficiente para queimar tantas pessoas”, completou a mulher.
Honduras ainda investiga as causas do incêndio. Até então, havia duas hipóteses para o incidente: um curto-circuito ou um incêndio provocado pelos próprios presos.
As autoridades hondurenhas divergem também quanto ao número exato de mortos da tragédia, a maior em presídios da América Latina. A Promotoria do Ministério Público do país afirmou à imprensa que 354 presos morreram, além de uma mulher que, segundo o órgão, visitava o presídio no momento do incêndio.

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