Rede BOM DIA - PCC promove 'show de prêmios' para pagar advogados
A sorte bate à porta dos presídios. O ‘show de prêmios’ criado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) dá a chance de presos e familiares ganharem carros e motos 0 Km. O dinheiro arrecadado pela facção ajuda a pagar honorários de advogados e a comprar as cestas básicas destinadas aos parentes dos detentos. A informação consta nos relatórios do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e da CPI do Sistema Carcerário.
A ‘rifa do crime’ funciona da seguinte maneira. Integrantes do PCC vendem, todo mês, números para o sorteio de cinco prêmios. São carros, motos, computadores e, acredite, até mesmo apartamentos.
Organização
Para o sorteio, o PCC usa os números da Loteria Federal. “Um indivíduo do alto escalão do PCC faz a aquisição de veículos e, em torno do valor de tais bens, são elaboradas rifas, do tipo ação entre amigos, com 120 a 140 números”, diz um trecho do relatório do Ministério Público.
“Essas rifas são posteriormente entregues aos membros da facção criminosa, que têm a obrigação de vendê-las. Ao término das vendas, há o sorteio e a entrega do prêmio. O dinheiro arrecadado configura o chamado progresso da família.”
Estadual
O ‘show de prêmios’ acontece nos presídios estaduais comandados pelo PCC. Os nomes dos ganhadores, segundo relatório da CPI do Sistema Carcerário, são escritos em folhas de papel almaço e afixados nas paredes de cada unidade prisional.
E nem sempre os vencedores estão atrás das grades. “Na parede do pátio do presídio estava colada uma lista dos ganhadores da ‘rifa do PCC’ e que trazia o resultado dos cinco ganhadores do mês: os três primeiros ganharam carros 0 km. O quarto e o quinto colocados levaram motos, também 0 km. Dois dos cinco ganhadores estavam presos e os outros três compraram os seus números nas ruas”, diz um trecho do texto.
Além de lucrar com o tráfico e outros crimes, o PCC tem uma outra maneira de financiar o crime: explorando a sorte dos detentos e seus familiares.
Retranca
O PCC (Primeiro Comando da Capital) tem um departamento exclusivo para cuidar do ‘show de prêmios’. Esses integrantes ficam responsáveis por criar sorteios e oferecer prêmios para ajudar o caixa da facção criminosa, nascida em Taubaté em 1993.
O ‘Partido’, antes com poder centralizado, mudou a sua própria estrutura. Hoje, está tudo descentralizado, divido em células, as chamadas ‘sintonias’.
O ‘código 12’, relacionado ao Vale do Paraíba, é um dos subgrupos da ‘Sintonia do Interior’.
Além dessa ‘sintonia’, o PCC mantém ‘sintonias’ da ajuda (que fornece dinheiro para presos e parentes deles), prazo (relaciona os devedores), ‘bicho-papão’, a rifa (cria sorteios e dá prêmios), da rua (coordena os ‘irmãos’ livres), dos presídios, dos salves (é responsável pela divulgação das ordens da cúpula), do livro (cadastra os que entram na facção) e dos gravatas (advogados).
Tráfico de droga é o carro-chefe do grupo
As rifas promovidas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) reforçam o caixa da facção criminosa, mas a maior parte da grana sai do tráfico de entorpecentes.
A venda de drogas é o carro-chefe das finanças do grupo. No Vale do Paraíba, a organização cadastra os pontos de venda de droga.
Além disso, seus integrantes praticam roubos, sequestros e homicídios. Parte dos assassinatos é ordenada pelo tribunal da facção, que faz papel de promotor, juiz e também de carrasco.
Um comentário:
Sem dúvida que o leitor minimamente informado e culto logo deve ter percebido que se trata de uma exploração pura e simples de uma população carcerárias miseráveis que se encontra sob a guarda do Estado. O grande problema é que o governo paulista consegue ignorar o problema e convive com ele, muitas vezes até estimula liderança dentro das penitenciarias.
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