sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Eleição faz governo de SP adiar mudança no Detran

Projeto que tira órgão da Polícia Civil corre em silêncio para poupar Alckmin

Governo já tem projeto para vincular área a outras duas pastas, mas vai deixar a discussão para depois do pleito


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Para evitar turbulência em período eleitoral, o governo de São Paulo conclui, em silêncio, projeto com potencial explosivo no pós-eleição: retirar o Detran (Departamento Estadual de Trânsito) do controle da Polícia Civil.
O governo já tem desenhada proposta pela qual o Detran seria subordinado, ainda este ano, a duas secretarias estaduais, saindo da esfera da Segurança Pública.
A intenção é combater a corrupção no departamento, que ficaria sob o comando das duas secretarias até a criação de uma autarquia exclusivamente destinada a sua administração.
Hoje a cargo da Secretaria de Gestão Pública, o projeto será submetido à Secretaria da Fazenda na semana que vem. Mas só será apresentado ao governador Alberto Goldman (PSDB) na segunda semana de outubro, após o primeiro turno das eleições.
A cautela se deve ao medo da reação da Polícia Civil em plena corrida eleitoral.
Como prevê a informatização dos serviços prestados por despachantes, o projeto deverá enfrentar resistência de escritórios especializados.
A elaboração de um novo modelo para o Detran foi encomendado pelo ex-governador e hoje candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
Pela delicadeza do tema, a decisão será assumida por Goldman. Sem pretensões políticas, ele poupará o futuro governador de desgaste. O tucano Geraldo Alckmin lidera as pesquisas.
A separação poderá ser fixada por decreto. Mas a criação da autarquia requer aprovação na Assembleia.
A ideia do governo é informatizar o serviço, a exemplo do que aconteceu com o IPVA. O tamanho do negócio pode ser medido pelo número de veículos registrados no Estado: 19,3 milhões.
Recentemente, o governo provocou ruído ao transferir para a Prodesp - empresa estadual - o processamento de dados antes realizado pela iniciativa privada.
Em acordo com o Ministério Público, a Prodesp começou a executar o serviço na Grande São Paulo. Depois, assumirá interior e capital.

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