quinta-feira, 3 de junho de 2010

Zé Chirico e o doce sabor da hipocrisia.



Do Blog do Luis Favre

Dr. Jekyll e Mr. Hyde

A realidade casa com a ficção.
A realidade casa com a ficção. Pelo menos na postura de uma certa mídia e de um tucano candidato.

Vejam os artigos do jornal O Globo reproduzidos mais embaixo no blog e que tratam das UPP no Rio e o programa Escola de Amanhã, ou da passarela construída na entrada da favela da Rocinha. Leiam o editorial do Globo. Em todos você encontra um comum denominador: a importância da ação pública com recursos importantes e focados, para responder a necessidades urgentes.

Não passa um dia sem que a mídia não reclame da urgente e necessária ação do Estado no investimento em infraestrutura, em construção de creches, em transporte público, em segurança.

Mas hoje foi dia em que o candidato Serra e o jornal O Globo decidiram atacar a carga tributária, indiscutívelmente elevada, para apregoar o velho discurso liberal sobre o imposto que penaliza o consumo, sempre com a “preocupação” nos mais pobres e que mais pagam impostos.

Tem até quem apregoa acabar com o caracter redistributivo do imposto, exercido pelo Estado, em favor da “livre concorrência” entre público e privado no qual cada qual escolheria saúde e educação “livremente” e pagaria ou não imposto sobre esses itens em função da escolha “livre” pelas duas opções.

A pérola ultraliberal de Carlos Sardenberg livraria a classe média e rica de pagar impostos, pois tirariam do próprio bolso o pagamento de planos de saúde e escolas privadas, imposto que passaria a ser arcado exclusivamente pelos usuários do serviço público. A utopia reacionária esmagaria os pobres com serviços públicos com menos recursos do imposto, mas transformaria em inferno a vida da maior parte da classe média que não disporia de nenhuma possibilidade de recorrer ao serviço público e arcaria com planos caros exclusivamente do próprio bolso.

O argumento falacioso do menos impostos, é o de menos gasto público, encoberto sob o manto de combater o desperdiço ou o “gasto ruim” do Estado.

Sem dúvida existe desperdiço, existe gasto ruim e existe corrupção nas instâncias federativas. Mas estudo recente da OCDE mostra que o número de servidores públicos no Brasil é a metade da média existente nos 38 países membros do grupo.

Mais importante ainda são os dados fornecidos pela Fazenda e que o jornal O Globo reproduziu nas suas paginas hoje: “Os desembolsos com pessoal e encargos ficaram estáveis em 4,8% do PIB desde 2002 e as demais despesas correntes caíram de 3,6% para 3,5%, tendo tido pico de 3,8% em 2005.”

Ou seja o crescimento da arrecadação federal durante estes anos do governo Lula foi utilizado para investimento, programas sociais e distribuição de renda. Crescimento da arrecadação produto do crescimento econômico e não de criação de impostos novos ou de aumento da tributação. Crescimento acompanhado de uma política ativa de desonerações para incentivar a indústria ou, durante a crise, o próprio consumo.

O mais extraordinário nesta dupla cara, é a esquizofrênica postura de José Serra acompanhado por Afif Domingos no “impostometro” da Associação Comercial de São Paulo. Será que alguém perguntou para o candidato qual tinha sido a contribuição do cavalar aumento do IPTU feito pelo seu pupilo Kassab para a subida do termômetro?

Luis Favre

Nenhum comentário: