Sem conseguir nenhuma de suas reivindicações, categoria suspendeu paralisação que durou um mês durante assembleia tumultuada
Após votação, presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, saiu escoltada em meio a empurra-empurra e xingamentos entre docentes
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os professores da rede estadual decidiram ontem encerrar a greve iniciada há um mês. Ao final da assembleia, houve empurra-empurra entre docentes que defendiam a manutenção do protesto e os que queriam terminá-lo. A PM estimou em 1.500 o número de manifestantes na avenida Paulista.
Os professores saem da greve sem conseguir nenhuma de suas reivindicações -a principal era reajuste salarial de 34,3%, que recuperaria perdas desde 1998. O salário inicial dos docentes estaduais é de R$ 1.835 (jornada de 40 horas semanais), o 14º maior do país.
A posição do governo estadual foi a de negociar apenas após o fim do movimento. Para a gestão tucana, o protesto era político. A própria presidente da Apeoesp (maior sindicato da categoria), Maria Izabel Noronha, afirmou que pretendia "quebrar a espinha" do governo José Serra (PSDB).
A greve termina uma semana após Serra deixar o governo para concorrer à Presidência.
A presidente da Apeoesp defendeu no ato o fim da paralisação -ela teve de deixar a assembleia escoltada por seguranças, em meio à confusão entre os manifestantes, que se xingavam e se empurravam. Houve divisão na votação que definiu o fim da protesto.
"A nossa greve já é vitoriosa, se colocou contra o governo de São Paulo", discursou. Depois, disse que "o autoritarismo do governo levou a um refluxo [diminuição] do movimento. Mas agora vamos negociar."
No dia anterior, os sindicalistas se reuniram com o secretário da Educação, Paulo Renato Souza. Foi o primeiro encontro desde o início do movimento. O governo disse que negociaria, desde que a greve acabasse.
"Não era a hora de terminar a greve. Não ganhamos nada. O governador mudou, era a hora de pressionar. A diretoria do sindicato é vendida, não tem disposição para lutar", afirmou o professor Edmar Oga, que integra uma corrente ligada ao PCO, que faz oposição à presidente da Apeoesp, filiada ao PT.
Uma nova assembleia foi marcada para o dia 7 de maio. Se o governo não atender os pedidos, a greve pode retornar.
O governo afirma que o reajuste desorganizaria as finanças do Estado. A prioridade tem sido dar dinheiro extra a docentes bem avaliados.
Os dias parados deverão ser descontados dos professores e pagos apenas após a reposição.
Durante a assembleia, a Paulista, entre a rua Pamplona e o Masp, foi interditada. Houve congestionamento. (FÁBIO TAKAHASHI e NÁDIA GUERLENDA CABRAL)
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