SÃO PAULO - A Defensoria Pública de São Carlos, a 229 km de São Paulo, suspeita que presos da penitenciária II de Itirapina estão sendo obrigados por outros presos a consumir drogas em grande quantidade, por causa de dívidas ou desafetos. O presídio já registrou três mortes por suspeita de overdose, sendo duas nos últimos 15 dias.
O último caso ocorreu na terça-feira. A suspeita principal é que José Raimundo Desidério, de 35 anos, tenha morrido após consumir as drogas e ter uma overdose. Desidério era de Descalvado e cumpria pena em regime semiaberto por furto e porte de arma. Durante o velório, a viúva, Rita de Cássia Bertassini, garantiu que o marido não era dependente químico.
- Ele não fumava nem cigarro. Ele disse que ia morrer um homem sem droga - disse.
Segundo a polícia, José Raimundo passou mal e foi levado para a Santa Casa de Rio Claro. Segundo o hospital, o presidiário teria tomado cocaína e Viagra, remédio usado contra impotência sexual. As vísceras dele serão enviadas ainda nesta quarta-feira para o Instituto de Criminalística de São Paulo, para que seja confirmada ou não a overdose. O laudo deve ficar pronto em 30 dias.
Além desta, a defensoria investiga outras duas mortes na mesma penitenciária. No dia 16 de fevereiro deste ano, Jeferson Espíndola também morreu com sintomas de overdose. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) de Rio Claro apontou ingestão de grande quantidade de cocaína. A Secretaria de Administração Penitenciária não sabe como a droga entrou na unidade, mas a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que a revista no presídio é rigorosa com o uso de detectores de metais, raio x e outros meios eletrônicos.
- Os laudos apontam que a ingestão é oral e acompanhada de violência física. A questão é discutir porque existe droga dentro de uma unidade prisional - disse o defensor público Lucas Pinheiro.
O terceiro caso é da morte de um preso em setembro de 2008. O homem, cuja identidade não foi divulgada, era mantido em cela separada e foi encaminhado para um pavilhão, onde passou a ter contato com outros detentos. No dia seguinte, ele amanheceu morto e um laudo pericial comprovou a overdose.
A Secretaria de Segurança Pública não se manifestou sobre o coquetel de drogas, mas informou que em relação a morte de 2008, o inquérito já foi concluído e o processo corre em segredo de justiça. Já a Secretaria da Administração Penitenciária afirma que, além da investigação da polícia, há uma apuração interna que está sendo conduzida pela direção da Penitenciária II de Itirapina.
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