DO ESTADÃO
6 bandidos mais procurados do Estado fugiram da prisão
Secretaria da Administração Penitenciária diz que fugas são investigadas
Josmar Jozino
Seis dos criminosos mais procurados pela polícia do Estado estão nas ruas porque fugiram do sistema prisional paulista. Ninguém foi responsabilizado pelas fugas. Os foragidos, considerados de alta periculosidade, têm extensa ficha criminal. São traficantes, sequestradores, ladrões de bancos, transportadoras de valores e carros fortes e assaltantes de condomínios e de joalherias. Os presídios onde os fugitivos cumpriam pena são de responsabilidade da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP). A pasta não se manifesta sobre os casos. Diz apenas que para cada fuga foi aberto processo administrativo. Os resultados dessas sindicâncias dificilmente são divulgados.
Os foragidos são Jurandir Vivaldo dos Santos, 40 anos, o Gordo; Carlos Alberto Rodrigues, 46 anos, o Carlinhos Esmeralda; Fábio Fernandes da Silva, 27 anos, o Vampirinho; Sonia Aparecida Rossi, 49 anos, a Maria do Pó; Marcos Aurélio Patrocínio, 32 anos, o Irmão Cora, e Gerson Cordeiro da Silva, 41 anos, o Deda.
Gordo fugiu em 31 de maio da ala de progressão penitenciária do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Piracicaba. Ele é chamado pela polícia de Rei do Maçarico por sua especialidade em arrombar cofres. Condenado a 15 anos, Gordo participou, na década de 90, do roubo de duas agências da Caixa Econômica Federal, dos assaltos ao Swiss Bank Corporation, McDonald"s e às joalherias H.Stern e Mkorn.
Também especialistas em roubar joalherias, Carlinhos Esmeralda e Vampirinho fugiram juntos da Penitenciária de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, em agosto de 2005. Carlinhos é apontado por policiais do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) como um dos ladrões mais ousados do Estado.
Em 2001, ele e seu bando se disfarçaram de policiais federais para aguardar o desembarque, no Aeroporto de Cumbica, de um empresário que comercializa esmeraldas na capital. A vítima, a mulher, o filho e a nora foram rendidos, como se estivessem sendo presos pelos falsos agentes. O filho do empresário foi sequestrado. A mulher e a nora também ficaram em poder dos assaltantes. Para libertá-los, Carlinhos exigiu a maior quantidade possível de esmeraldas. O bando acabou preso tempos depois. A equipe do delegado Edison Santi, então titular da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Joias do Deic, recuperou R$ 2 milhões em esmeraldas.
Maria do Pó, uma das maiores traficantes de drogas do País, flagrada em janeiro de 1999 com 340 quilos de cocaína, fugiu da Penitenciária Feminina de Sant"Ana, no Carandiru, zona norte, em 9 de março de 2006. Segundo funcionários, a fuga foi vendida. O presídio estava em reforma. A penitenciária havia sido inaugurada recentemente. Por causa da reforma, um grande buraco foi aberto na muralha dos fundos, para a passagem de caminhões com materiais de construção. Foi por lá que Maria do Pó fugiu. Ela se misturou às presas que saíram das celas para trabalhar nas oficinas da unidade.
Líder do tráfico na Favela Paraisópolis, no Morumbi, zona sul, Irmão Cora é procurado desde 3 de março de 2006, quando fugiu do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) de Pacaembu, no interior do Estado. Em março deste ano, Irmão Cora teria sido o responsável por incitar um confronto entre moradores de Paraisópolis e policiais militares em protesto pelo assassinato de um acusado de tráfico da favela.
Parceiro de Gordo, o assaltante Deda é um dos criminosos mais procurados de São Paulo. Em 18 de março de 2004 ele foi autorizado pela Justiça a passar a Páscoa em casa e não voltou ao Instituto Penal Agrícola de São José do Rio Preto.
AVIÃO PAGADOR
Roubar aviões pagadores era a especialidade de Paulo Rogério da Silva. Ele fugiu pela muralha da Penitenciária de Iaras em junho de 2001. Em abril de 1996, participou do roubo de R$ 6 milhões de um Fokker da TAM no aeroporto de São José dos Campos. Segundo o Deic, Silva estava foragido no final de 2001, quando morreu. A foto dele, no entanto, continuava até ontem no site de procurados da Polícia Civil.
Já o assaltante Marcelo Adelino de Moura, de 33 anos, o China, não fugiu de nenhuma cadeia. Ele é acusado de envolvimento no furto de R$ 27,7 milhões da transportadora de valores Transnacional, na capital, no último dia 6, o maior nesta década no Estado. Até ontem, China permanecia foragido.
COMENTARIO DO BLOG
Este artigo de Josmar Jozino, autor do Livro Cobras e Largato para o Estado de São Paulo, pertencem ao passado do Sistema Penitenciário Paulista, porém, continua sempre atual, uma vez que a crise no Sistema Paulista nunca foi resolvida desde a saída de ex-secretaria da Secretaria da Admiminstração Penitenciaria Nagashi Furukawa. Na época em uma de suas entrevistas o próprio Nagashi Furukawa reconheceu que princípio de autoridade nos presídios paulista nunca foi resgatado.
Pois bem, por que o principio da autoridade nos presídios paulista nunca foi resgatado?
Resposta: Simplesmente porque as autoridades que tratam diretamente com os presos ainda são as mesmas durante décadas.
Hoje, no entanto o Sistema Penitenciário não registra tanta fuga como antigamente, mas sua estrutura pouco se modificou nos últimos anos.
O sistema Penitenciário ainda funciona com um pacto pré- administrativo de não agressão entre a secretaria da administração penitenciária e o PCC para evitar que haja rebeliões nas unidades.
Hoje o Sistema Penitenciário não possui ninguém de visão e na sua grande maioria alguns dirigentes são muitas vezes apadrinhados e formados por diretores mais velhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário