terça-feira, 1 de setembro de 2009

policiais são indiciados por suspeita de achacar traficante colombiano

Entre os indiciados estão dois delegados de São Paulo.
Todos os indiciados alegam inocência.


A Corregedoria da Polícia Civil indiciou mais 12 policiais e três informantes por causa dos supostos achaques contra integrantes da quadrilha do traficante colombiano Juan Carlos Ramirez Abadia. Entre os indiciados estão dois delegados que trabalhavam no Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) quando os achaques e sequestros ocorreram. Os dois alegam inocência. Com os novos indiciamentos, já são 21 os acusados pelos achaques contra o grupo de Abadia - outros dois policiais também serão indiciados. Procurada pelo G1 para comentar o assunto, a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública confirmou o indiciamento, mas informou que iria se pronunciar mais tarde a respeito do caso. Líder do cartel do Norte do Vale, Abadia foi preso por policiais federais em São Paulo, em agosto de 2007. Um ano depois, após ser condenado a 30 anos de prisão no Brasil por lavagem de dinheiro, Abadia foi extraditado para os Estados Unidos, onde é acusado de homicídios e tráfico de drogas. Antes de embarcar, o colombiano gravou um depoimento detalhando as extorsões. Disse que para acabar com o tráfico em São Paulo bastava fechar o Denarc.

Há dois meses, a corregedoria indiciou a primeira leva de policiais acusados. Um dos delegados é acusado de envolvimento no sequestro de Henry Edval Lagos, o Patcho, um traficante colombiano que foi solto depois do pagamento de resgate de US$ 280 mil.
Além do delegado, nesse caso, também foram indiciados outros quatro investigadores do Denarc e um de Diadema, além de três informantes. A ideia do achaque teria surgido quando um investigador, que trabalhava em Diadema, soube que Patcho participava de corridas num kartódromo em Barueri, na Grande São Paulo.


Patcho era um dos responsáveis por movimentar a fortuna de Abadia no Brasil e na Colômbia. Segundo promotores e delegados, o policial começou a investigar o traficante com o objetivo de recolher informações para as extorsões. Em maio de 2006, o investigador contou o que sabia para dois colegas. Eles teriam decidido sequestrar o traficante. Mas como eram poucos para fazer o achaque, o investigador teria decidido pedir ajuda a um colega do Denarc. Foi então que, segundo os corregedores, entrou na história outro investigador.


'Traição'

Ocorre, de acordo com a investigação, que os policiais do Denarc "traíram" seus colegas, passando-os para trás. Os homens do Denarc teriam sequestrado Patcho e o levado até a sede de uma empresa, em Indianópolis, na Zona Sul de São Paulo. Os policiais saberiam que a empresa pertencia "ao bando de Abadia".

O valor do resgate foi negociado por meio do aparelho de telefone do vigia da empresa. Abadia entregou o dinheiro a seu amigo, uma empresário, para que ele levasse aos policiais. Assustado com a virulência e o apetite dos policiais, Patcho deixou o Brasil logo em seguida. Os corregedores indiciaram o policial de Diadema, cinco do Denarc e três informantes neste caso.

Outros dois policiais do departamento devem ser indiciados nesta semana.
Pouco depois, os policiais teriam exigido que o bando de Abadía lhes entregasse uma picape Toyota. Para transferir o carro para a pessoa que os delegados queriam, os quatro policiais do Denarc supostamente envolvidos nesse achaque teriam contado com a ajuda de dois investigadores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Os seis foram formalmente acusados pelos corregedores. Foi neste caso que um delegado foi indiciado - em outro caso, o mesmo delegado e um investigador obtiveram habeas corpus no Tribunal de Justiça contra o indiciamento. Além dos acusados no caso Abadia, a corregedoria indiciou cinco policiais do Denarc por causa do achaque em 2008 contra o traficante colombiano Manuel Yepes Penágos, conhecido como El Negro.

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