domingo, 16 de agosto de 2009

Policiais são presos por crimes contra quadrilha de Abadia



As investigações do Ministério Público mostram que policiais disputavam, entre si, o direito de tomar dinheiro dos criminosos.

Dois policiais civis foram presos, neste sábado, em São Paulo, acusados de extorquir dinheiro da quadrilha do traficante colombiano Juan Carlos Abadia. As investigações do Ministério Público mostram que policiais disputavam, entre si, o direito de tomar dinheiro dos criminosos.

Com base na investigação da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, o Ministério Público apurou que Abadia deu quase R$ 1,5 milhão a policiais em pelo menos três extorsões.



Policiais de Diadema, na Grande São Paulo, sabiam que era Henry Edval Lagos, o Patcho, que movimentava o dinheiro da quadrilha. Segundo a corregedoria, os policiais planejaram um sequestro e pediram ajuda a um investigador do Denarc - Departamento de Narcóticos de São Paulo.



Na denúncia os promotores afirmam que os investigadores do Denarc traíram os de Diadema e realizaram o sequestro de Patcho primeiro.



A quadrilha de Abadia pagou US$ 280 mil para que Patcho fosse solto. E as extorsões continuaram. Outro integrante da quadrilha, Daniel Maróstica, contou que foi procurado pelos policiais de Diadema, que pediram uma moto e reclamaram que o traficante já havia dado dinheiro a outros agentes.



Depois de receber o dinheiro da moto, um dos policiais de Diadema descobriu que a quadrilha ia negociar um carro numa loja, da Zona Norte de São Paulo e procurou dois investigadores da capital. Juntos, fizeram mais um sequestro. Os policiais simularam uma blitz. Obrigaram o carro dos bandidos a parar e levaram mais dois integrantes da quadrilha de Abadia.



Abadia autorizou a entrega de R$ 250 mil e US$ 100 mil. Juan Carlos Abadia denunciou os crimes quando foi preso pela Polícia Federal, em 2007. O Ministério Público pediu a prisão preventiva de cinco policiais para proteger testemunhas e evitar que as extorsões continuem.



“Se eles extorquiram criminosos de alta periculosidade, imagina o que eles não podem fazer na rua com pessoas de bem pra levantar dinheiro”, afirma Everton Zanella, promotor do Gaeco.



Dois policiais foram presos neste sábado. Três estão foragidos e a corregedoria investiga a participação de outras pessoas.



“Policiais das 14 carreiras e de qualquer classe vão ser responsabilizados pelos seus atos: escrivão, carcereiro, delegado, agente, quem quer seja. Nós vamos expurgar quem não merece estar no nosso convívio”, garante o delegado Caetano Paulo Filho, da Corregedoria da Polícia Civil.

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