A institucionalização do PCC
Por Roberto Takata
A ciência do PCC
“Camila Nunes Dias [socióloga, doutoranda da USP] constatou que o ‘Partido’ se encontra hoje estruturado de maneira empresarial e com domínio completo sobre os presídios paulistas. Cada um deles é gerenciado pelo ‘piloto’, que se reporta à cúpula de 18 líderes. Fora das prisões, seus representantes são os ‘torres’, com jurisdição sobre cada área de código DDD do Estado de São Paulo.
Não foi só o número de homicídios que recuou, mas também o de rebeliões e assassinatos dentro das penitenciárias. A violência aberta tornou-se contraproducente para os negócios do PCC e hoje vigora mais como ‘ultima ratio’, medida excepcional. Para matar, todo irmão precisa de autorização da direção do Partido.
Para o bem e para o mal, o PCC racionalizou-se, mostram as ciências humanas. Se quisermos entender melhor o que está acontecendo, nós jornalistas precisamos conversar menos com policiais e políticos e mais com politólogos, sociólogos e antropólogos -além de presos e criminosos, como fez Camila Nunes Dias.”
Por erivaldoferreira
A parceria e Estado e PCC
Nassif,
O que Camila Nunes Dias, fala não é novidade para os Agentes Penitenciários do estado de São Paulo. Parte do sucesso tático e logístico do PCC nos ataques, e mais de 500 mortes ocorridas no Estado de São Paulo, ocorreu pelo abandono a que foram submetidos os Servidores Penitenciários, nos últimos 15 anos.
Na verdade, o sistema prisional paulista tem sido uma grande dor de cabeça para os sucessivos governos do PSDB no Estado. Ou seja, se analisarmos com cuidado, o percurso das políticas sociais implantadas na gestão do sistema prisional paulistas verá que não houve nenhum avanço até os dias de hoje, sobretudo em São Paulo.
Nassif, o PCC é o Logístico empresarial do crime somado ao abandono do Estado. Ou seja, parte do sucesso tático e logístico do PCC ocorre porque o Estado perdeu o controle e a dinâmica prisional, em fazer valer princípios fundamentais de respeito à integridade física dos indivíduos presos, permitindo que grupos criminosos imponham uma ordem interna sobre a massa de presos Na verdade o PCC arrecada mais de R$ 100 mil com extorsão dentro e fora dos Presídios.
O Partido faz da população carcerária, pobre e miserável reféns com aval do Estado, cuja política Penitenciária é feita a base de acordos com os chamados “Pilotos” que comandam as prisões do Estado. Na verdade, o estado não tem mais o controle efetivo da maioria das prisões sob sua responsabilidade, conseguindo assegurar a paz interna somente pela delegação do dia-a-dia prisional às lideranças desses grupos criminosos. O acordo entre Diretoria e facção criminosa é uma forma social, legalmente aceita dentro das instituições do estado.
Não é segredo para ninguém, principalmente para quem trabalha no sistema prisional paulista que a próprio Sap junto com a Diretoria de alguns Presídios estimulam liderança dentro da própria unidade. Ou seja, estimula os chamados “pilotos” como também funcionário corrupto, pois estes possuem capacidade de liderança e negociação. O que se observa, é uma aproximação obtida mediante conhecimento aproximação de Muitos desses líderes de facção junto com alguns diretores e funcionários já se conheciam “de outras caminhadas” no passado
Contudo, vigora nas cadeias um pacto tácito de não-agressão entre a secretaria da administração penitenciária e o pcc para evitar que haja rebeliões nas unidades. Há também acordos secretos entre líderes da facção e os chamados funcionários “batizados” onde há troca de favores.
Apesar de toda crítica que se faz, já há algum tempo, o sistema prisional Paulista, é um dos que mais cresce no Brasil. Ou seja, o sistema só tem se expandido sem qualquer limite ou critério, sobretudo no Oeste Paulista onde se concentra grandes partes das Penitenciarias.
Por Renê Guedes
Nassif,
o comentário do Roberto me faz pensar se esse fenômeno, o da institucionalização do crime, organizando e dotando-o de um código moral (sem juízo de valor) não são fatores que ajudam a explicar o baixo índice de violência em países como Itália e Japão, já que suas “megacorporações” criminosas estão muito mais preocupados em atuar no silêncio, sem alardes..
E outra pergunta: Até que ponto os estados nacionais não os toleram, exatamente pela “paz” que, indiretamente, não acabam promovendo…
O crime social descontrolado, em ambientes urbanos deteriorados, produz uma espécie de caos que afeta e atinge qualquer organização, pois, se existe uma estrutura e muitas pessoas envolvidas, sempre há o que perder.
Pode ser maluquice, mas acho que vale a reflexão…
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