sábado, 7 de fevereiro de 2009

Estrangeiro foragido passa 9 meses como "mineiro" em prisão



Traficante procurado na Espanha dizia ser de Borda da Mata (MG)

Prisão foi feita pelo Denarc em circunstâncias não esclarecidas; delegado do Deic diz que criminoso não sabe falar português
A Polícia Civil de São Paulo prendeu um criminoso em maio de 2008 e apenas nove meses depois descobriu que ele é, na realidade, um megatraficante internacional foragido da Justiça da Espanha -acusado de comercializar mais de seis toneladas de cocaína e suspeito de envolvimento com o cartel colombiano de Cali.
Carlos Ruiz Santamaría, 41, -conhecido como "El Negro"- foi preso por policiais do Denarc (Departamento de Narcóticos) no ano passado. Ele se apresentava como um comerciante mineiro chamado Manoel Oliveira Ortiz e usava um documento de identidade brasileiro, como sendo natural da cidade de Borda da Mata.
"Não sabemos como ele se passou por mineiro falando apenas castelhano", disse o delegado Adalberto Barbosa, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado), que descobriu a fraude.
Na época, Santamaría foi preso com 60 comprimidos de ecstasy e foi mandado para o CDP (Centro de Detenção Provisória) 2 de Pinheiros (zona oeste de São Paulo).
De acordo com a embaixada espanhola no Brasil, Santamaría foi investigado na Espanha por envolvimento na comercialização de pelo menos seis toneladas de cocaína e é considerado foragido desde 2001.
Naquele ano, o criminoso enfrentaria um julgamento no qual poderia ser condenado a 60 anos de prisão e ao pagamento de multa de US$ 370 milhões. Semanas antes, porém, obteve em uma polêmica decisão judicial o direito de ser colocado em liberdade, mediante o pagamento de uma fiança, para um tratamento médico. Segundo a imprensa espanhola, ele foi solto pois corria o risco de cometer suicídio na prisão.
"Ele era um dos traficante mais procurados daquele país", disse o delegado Barbosa. Segundo o Deic, logo após conseguir a liberdade, o traficante fugiu para o Brasil, onde abriu empresas fantasmas para a lavagem de dinheiro do tráfico.
A polícia não esclareceu as circunstâncias em que Santamaría foi preso em 2008. A Secretaria da Segurança Pública disse que irá investigar o caso.
O delegado do Deic afirma ter descoberto a real identidade do megatraficante ao investigar uma das empresas fantasmas, de limpeza de prédios e de locação de veículos e maquinário pesado. Durante a investigação, o traficante foi interrogado dentro do CDP no dia 30 de janeiro deste ano e os policiais desconfiaram do sotaque carregado que ele utilizava para tentar falar português.
O delegado diz ter contatado a Interpol, a polícia internacional, e acabou descobrindo a real identidade do preso. Não há, porém, certeza sobre sua nacionalidade. A Espanha diz que ele é mexicano. Ao Deic, Santamaría disse ser colombiano.
O advogado de Santamaría não foi localizado ontem.

Nenhum comentário: